Reajustes dos combustíveis mantêm saúde financeira da estatal, alega presidente da Petrobras

Ao responder pergunta sobre reclamações do presidente Jair Bolsonaro, José Mauro Coelho defendeu política de preços

Foto: Valter Campanato/ABr

O presidente da Petrobras, José Mauro Coelho, afirmou nesta sexta-feira que reajustes de preço dos combustíveis devem ser feitos para manter a saúde financeira da companhia. Ao responder sobre a crítica do presidente Jair Bolsonaro em relação aos aumentos, José Mauro defendeu a política de preços da empresa, durante entrevista coletiva por videoconferência para para explicar o lucro recorde no primeiro trimestre. A Petrobras está há 57 dias sem mexer nos preços da gasolina e do diesel.

“Acho legítima a preocupação do presidente Bolsonaro em relação aos preços. Elevação acontece em todo mundo, mas os administradores da Petrobras devem atuar alinhados à atual política de preços da companhia. Claro que a Petrobras não é insensível à sociedade, no momento em que o conflito entre Rússia e Ucrânia impacta mercados de energia, em especial de diesel, a empresa, preocupada com isso, não repassa a volatilidade imediata, mas é claro que reajuste deve ser feito para manter a saúde financeira da companhia”, afirmou José Mauro.

A empresa recebeu críticas após registrar lucro de R$ 44,5 bilhões no primeiro trimestre deste ano, um aumento de 3.700% em relação ao mesmo período de 2021, e anunciou dividendos de R$ 48 bilhões. O resultado da petroleira é o melhor para um primeiro trimestre da série história da companhia.

Sobre o lucro da empresa, José Mauro disse que os principais vetores que propiciaram o resultado foram o aumento produção de petróleo e gás natural, o aumento da exportação de petróleo, o preço elevado do barril – que não era registrado desde 2014 -, a maior eficiência operacional, redução de custos, foco em ativos como pré-sal, investimentos com responsabilidade e a desvalorização do real frente ao dólar. “Não há relação significante entre o resultado com reajuste dos preços dos combustíveis, sendo que 80% dos ganhos são provenientes da exploração e apenas 20% dos demais segmentos”, disse.

Imposto recolhido

Coelho ainda argumentou que, quanto mais forte é o resultado da companhia, mais impostos serão recolhidos para a União, o que beneficia a sociedade de maneira geral. “A arrecadação de R$ 70 bilhões em impostos no primeiro trimestre promove mais empregos, permite que estados e municípios façam investimentos”, disse.

O que disse Bolsonaro

Na live semanal dessa quinta-feira, em redes sociais, Bolsonaro voltou a criticar os preços dos combustíveis, pediu que a empresa não promova novos reajustes e avaliou que uma nova recomposição dos valores pode quebrar o país.

“Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis. O lucro de vocês é um estupro, é um absurdo. Vocês não podem mais aumentar o preço do combustível. Não posso entender isso. Pode ser que eu esteja equivocado. A Petrobras, durante a crise e a guerra lá fora, faturar horrores. O lucro da Petrobras é maior com a crise. Isso é um crime inadmissível. Posso estar equivocado, mas não consigo entender”, reclamou.

“Sei que (a Petrobras) tem acionistas. Mas quem são os acionistas? Fundos de pensões dos Estados Unidos. Nós estamos bancando pensões gordas nos Estados Unidos. Petrobras, estamos em guerra. Petrobras, não aumente mais o preço dos combustíveis”, reforçou.