Marta Moraes Cardoso, mãe do torcedor do Brasil de Pelotas, Raí Duarte, de 33 anos, conversou com a reportagem do Correio do Povo após o filho completar cinco dias internado em estado grave no Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre. Ela, que permanece na capital, garante: “Só saio daqui com ele”.
O quadro de Raí é considerado estabilizado, sendo mantido sob sedação e ventilação mecânica. Segundo ela, o filho sofreu uma “tentativa de homicídio” da Brigada Militar, que atuou em confusão envolvendo as torcidas do Xavante e do São José. “Primeiro quero que ele fique bem, depois vamos atrás de Justiça. O que houve foi uma tentativa de homicídio. A Brigada tentou matar o meu filho”, afirmou.
Conforme Marta, Raí é agente de saúde em Pelotas. A esposa dele está grávida de três meses do primeiro filho.
Com Raí ainda sedado, Marta lamenta que vai celebrar o Dia das Mães pela primeira vez sem falar com o filho. “Eu só queria que tirassem a sedação, que ele conseguisse respirar bem e conversar. O Raí nunca tinha estado doente e hospitalizado como está”, declarou.
Sobre a entrada do filho no hospital, Marta conta que o médico disse a ela que Raí entrou “consciente, porém com dores abdominais, ao lado de um policial da Brigada Militar”.
Entenda a confusão
O episódio teve origem na partida entre São José x Brasil de Pelotas, no empate em 1 a 1, no domingo, em jogo válido pela Série C do Campeonato Brasileiro. O resultado deixou o Xavante na 17ª posição, na zona do rebaixamento para a Série D, e o Zequinha em 14º.
A confusão começou ainda na arquibancada sul do estádio Francisco Noveletto Netto, na zona Norte da capital. Conforme relatos, torcedores do São José pegaram uma faixa que pertencia a torcedores do Brasil de Pelotas. Após isso, houve troca de agressões ainda dentro do estádio. Depois do jogo, agentes da Brigada Militar aparecem, em imagens compartilhadas em redes sociais, entrando e saindo de ônibus das excursões.
Já na segunda-feira, pela manhã, os dois clubes divulgaram notas oficiais lamentando o ocorrido. Ambos repudiaram a violência nas arquibancadas e o que aconteceu após a partida.
BM investiga o ocorrido
“Esta semana ouvimos algumas pessoas, juntamos documentos e imagens, requisitamos perícias…”, explicou o comandante do 11º BPM, tenente-coronel Luis Felipe Neves Moreira, sobre o andamento do Inquérito Policial Militar (IPM) instaurado para apurar o envolvimento ou não de policiais militares nas lesões do torcedor xavante. “Na semana que vem continua a fase inquisitorial. Continuamos apurando…”, acrescentou.
O prazo para a conclusão do IPM é de 40 dias, podendo ser prorrogado por mais 20 dias em caso de necessidade. Depois disso, o procedimento vai ser encaminhado à Justiça Militar, que delibera pelo arquivamento ou oferecimento da denúncia.