Rússia começa ofensiva e quadruplica ataques para tomar leste da Ucrânia

Comando atacou 1.260 alvos durante a madrugada desta terça-feira

Foto: Defense of Ukraine/Reprodução

O Kremlin afirmou nesta terça-feira que iniciou a ofensiva pelo controle de Donbass, polo industrial no leste da Ucrânia. Depois de atingir 300 alvos na segunda-feira, o comando militar russo intensificou os bombardeios a cidades ucranianas, atacando 1.260 alvos durante a madrugada desta terça-feira em uma linha de frente de quase 500 quilômetros, de Mikolaiv a Kharkiv. As informações foram divulgadas pela Agência Estado.

O Pentágono estima que a Rússia tenha enviado à Ucrânia nos últimos dias mais 11 batalhões, ou seja, entre 8 mil e 11 mil militares. De acordo com os americanos, os russos também podem contar com milhares de reservistas, prontos a se juntar à luta do outro lado da fronteira. De acordo com a inteligência norte-americana, cerca de 75% das forças seguem de prontidão fora do território ucraniano.

Primeira cidade a cair nas mãos da Rússia, Kreminna, de 18 mil habitantes, fica a cerca de 560 quilômetros de Kiev. Apesar da derrota, a Ucrânia garante que repeliu sete ataques russos, destruindo 18 unidades blindadas e 10 tanques. As alegações de ambos os lados não puderam ser verificadas de forma independente.

Autoridades ucranianas e americanas disseram nesta terça que as forças russas pareciam estar envolvidas em “operações de modelagem”, ataques menores que, geralmente, precedem movimentos de tropas maiores ou servem como distração de outras frentes de batalha. Essa campanha, de acordo com eles, se mostra provavelmente muito mais metódica que as tentativas de avanço rápido que a Rússia adotou sem sucesso nas primeiras semanas da guerra.

O governo ucraniano prometeu montar uma defesa vigorosa do leste do país. “Não importa quantos soldados russos sejam enviados, vamos lutar”, disse o presidente Volodymyr Zelensky, em discurso. De acordo com ele, uma parte “muito grande” de todo o Exército russo se integrou à nova ofensiva.

Autoridades da União Europeia disseram, também hoje, que a Rússia enviou até 20 mil mercenários de Síria, Líbia e de outros lugares do Oriente Médio e do Norte da África para lutar na região de Donbas. O Grupo Wagner, empresa russa especializada em contratar mão de obra de guerra, está por trás da mobilização, conforme a UE. “Identificamos movimentos dessas áreas, Síria e Líbia, para a região leste de Donbas, e esses homens são usados principalmente como massa de ataque contra a resistência ucraniana”, disse um funcionário europeu, em Bruxelas.

No sul e na costa do Mar Negro, no entanto, os russos vêm enfrentando mais dificuldades. Os ucranianos rejeitaram a rendição em Mariupol, importante porto no Mar de Azov, entre Donbas e a Península da Crimeia, anexada pela Rússia em 2014. As cidades de Kherson e de Mikolaiv também se tornaram importantes focos de resistência.

Donbas é importante em razão de ser a parte mais industrializada da Ucrânia, bem como por ser rica em recursos minerais, como carvão e gás. Na região vive a maior parte da população de origem russa da Ucrânia, pretexto utilizado pelo presidente Vladimir Putin para ordenar a invasão.