O painel “Quais os caminhos políticos para o Brasil?” movimentou o segundo dia no 35° Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. O debate teve as presenças do ex-juiz e ex-ministro da Justiça Sergio Moro, que ganhou notoriedade ao comandar o julgamento em primeira instância dos crimes identificados na Operação Lava Jato, e do cientista político e mestre em administração pública pela Universidade de Harvard Luiz Felipe d’Avila, pré-candidato à presidência da República pelo partido Novo.
Na abertura do painel, Gabriel Torres, presidente do Instituto de Estudos Empresariais (IEE), destacou a importância de “retomar a agenda de reformas que promove o combate aos privilégios, a extinção de desperdícios dos impostos e uma cruzada contra a corrupção”.
“Uma sociedade aberta só é possível quando os homens públicos têm a coragem de colocar-se à disposição para debater em um mesmo local, sem filtros ou edições premeditadas”, acrescentou Torres.
Moro criticou a polarização eleitoral do Brasil a projetos que classificou como “autoritários”. “Temos projetos em andamento que são iliberais. São dois projetos autoritários, com nuances diversas, são populistas, mas não prezam a liberdade, tentam calar as vozes dissidentes”, avaliou o ex-magistrado.
Moro afirmou que o ano de 2022 é importante para a manutenção da democracia e da liberdade no Brasil. “Há uma percepção de que estamos no fim da globalização como nós a conhecemos. O mundo pode se dividir de novo em blocos, entre regimes autocráticos e democráticos. Se isso acontecer, a visão é de que o Brasil não vai estar do lado das democracias ocidentais. A visão é de que nós caminhamos para estar do lado das autocracias, contrariando aquilo que nós somos, que nós acreditamos”, discorreu. “Queremos ser uma moderna democracia”, afirmou.
Luiz Felipe d’Avila disse que os três pilares do programa de governo do Novo incluem a abertura do Brasil para o mercado externo, a agenda ambiental e a economia de baixo carbono para atrair investimento. Por fim, destacou a digitalização do governo para reduzir a burocracia e permitir uma avaliação mais precisa da atuação pública pela população.
Ele disse, também, que decidiu aceitar o desafio da campanha com o objetivo de “destruir o populismo de esquerda e direita”. “Enquanto continuarmos a insistir no mal menor, vamos continuar cavando o buraco”, observou. Para o pré-candidato, é fundamental que haja engajamento político para que as pautas de liberdade e desenvolvimento avancem.
“Só vai avançar se tivermos a cidadania participativa, se tivermos o voto consciente, o cidadão engajado na vida política. A geração de 50, 60 anos não tem líderes políticos. Tem a turma de 70, 80 anos que lutou pela redemocratização, e tem a geração dos 30, 40 anos, que quer criar um Brasil novo. A geração dos 50, 60 anos deu as costas para a política durante muito tempo e criou um gap geracional. Isso é pago com o preço da perpetuação de populistas no Brasil”, ponderou.
De acordo com os organizadores do Fórum da Liberdade, os pré-candidatos à presidência Ciro Gomes, Jair Bolsonaro, João Doria, Lula e Simone Tebet também foram convidados, mas não aceitaram.