Funcionários dizem que vereador do Rio sabia que jovem em vídeo íntimo era menor

Em depoimento, Gabriel Monteiro (PSD) alegou inocência

Foto: Reprodução/Redes Sociais

Ex-funcionários do vereador do Rio de Janeiro Gabriel Monteiro (PSD) ouvidos na investigação sobre o vazamento de um vídeo íntimo do político com uma menor, de 15 anos, disseram que ele tinha conhecimento sobre a idade da adolescente. Relataram, ainda, que a menina frequentava a casa de Monteiro usando uniforme escolar.

A apuração do caso levou a 42ª DP (Delegacia do Recreio) a fazer buscas e apreensões, com autorização da Justiça, nesta quinta-feira, na residência e no gabinete do vereador, bem como em endereços de pessoas ligadas a ele.

Em depoimento, Gabriel disse que os HDs que continham as imagens foram furtados por ex-funcionários e os acusou de terem entregado as unidades de armazenamento a um dos desafetos dele. O vereador afirmou, ainda, que não sabia que a jovem era menor de idade.

Por outro lado, funcionários ouvidos pela polícia declararam que já haviam levado uma pílula do dia seguinte para a menor de 15 anos e que Gabriel chamava a adolescente de “bebê” e “novinha”.

A jovem também prestou depoimento, na presença do pai. Ela afirmou que conheceu o vereador na academia do condomínio e que, desde então, ambos ficaram juntos por cerca de dez meses. A adolescente disse, ainda, que permitiu ser filmada.

Buscas da polícia
A Polícia cumpriu os mandados de busca e apreensão com o vereador em casa. Ele chegou a jogar bola enquanto os policiais vasculhavam os cômodos. A residência fica em um condomínio de alto padrão na Barra da Tijuca, zona Oeste do Rio. Uma casa na região pode custar até R$ 18 milhões.

Ao término das buscas, os policiais saíram do imóvel com diversos documentos, HDs, telefones, computadores, armas de fogo e um carro do vereador. Na casa dos outros alvos, foram apreendidos aparelhos eletrônicos.

Após a ação, Gabriel Monteiro se dirigiu à delegacia, de forma voluntária. O vereador afirmou que pretendia esclarecer pontos da investigação e recuperar as armas, segundo ele, em situação regular.

Em nota, a defesa de Gabriel Monteiro informou que os agentes encontraram um HD, registrado como furtado, na casa de um ex-assessor. A Polícia Civil, no entanto, ainda não se manifestou sobre as apreensões.

Ainda segundo o advogado Sandro Figueiredo, que representa Monteiro, o dispositivo continha imagens divulgadas na internet, que o vereador nega ter compartilhado. Ele afirmou também que foram encontrados vídeos editados com manipulação para as redes sociais de um homem que havia sido preso pelo vereador em um caso de tentativa de corrupção.

Além disso, negou qualquer indício de ilegalidade nas buscas na residência e no gabinete de Gabriel Monteiro.

Mais cedo, o vereador falou com a imprensa ao deixar a delegacia, depois de cinco horas de depoimento: “Esta busca e apreensão foi pedido da minha defesa. A polícia está trabalhando muito bem. Não tem problema algum. Podem ir na minha casa a hora que quiserem. [Quanto à suspeita de estupro] está em segredo de justiça, então eu não posso responder muita coisa. Já foi divulgado na imprensa o depoimento dela. Não existe nenhuma ilegalidade. Não existe nada forçado. Não existe nenhuma ilegalidade, nem do ECA [Estatuto da Criança e do Adolescente], nem do Código Penal”, alegou.