Bolsonaro: ‘Aponte um motivo que eu poderia ter para matar Marielle’

Em live, presidente se defendeu da acusação de que morte de Marielle Franco possa ter rendido cargo no Palácio do Planalto a quem matou PM suspeito do crime

Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro se defendeu, nesta quinta-feira, de acusações ligando a morte da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (PSol), em março de 2018, a pessoas com cargos no Executivo Federal. Em uma live nesta quinta-feira, Bolsonaro desafiou: “Alguém me aponte um motivo que eu poderia ter para matar a Marielle Franco”.

O presidente mencionou o caso ao comentar a decisão da Câmara dos Deputados, que barrou, ontem, por maioria, a votação em regime de urgência do projeto de combate às Fake News. Nessa quarta, o deputado federal Orlando Silva (PCdoB-SP), autor do texto, publicou, em uma rede social, que “áudios da irmã de Adriano da Nóbrega [ex-PM suspeito de envolvimento na morte de Marielle] levam o assassinato para dentro do Palácio do Planalto”.

Os áudios citados pelo deputado, interceptados pela Polícia do Rio com autorização da Justiça, são ligações telefônicas em que Daniela da Nóbrega, irmã do ex-PM Adriano da Nóbrega, relata a parentes que “cargos comissionados no Planalto” foram oferecidos “pela vida dele” [Adriano]. Ela também menciona que o irmão sabia “da ordem que saiu para que ele fosse um arquivo morto”.

Assassinado no interior da Bahia em fevereiro de 2020, o ex-capitão da BM, considerado próximo da família Bolsonaro, era apontado como líder de um grupo miliciano. Eke também era investigado por suposta participação em um esquema de “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro – hoje senador.

Para Jair Bolsonaro, Daniela “se equivocou”. “Nos áudios dela, ela se equivocou. Ao invés de falar Palácio das Laranjeiras [sede do governo fluminense], falou Palácio do Planalto. O rei da tapioca [em referência a Orlando Silva] está espalhando fake news. O ministro que usava cartão corporativo para comer às custas do povo”, classificou o presidente, ao lembrar de uma denúncia contra Orlando Silva à época em que era ministro do Esporte, no governo de Dilma Rousseff.

O presidente ainda disse que não pretendia “nem ler” o projeto das Fake News, que classificou como “o início da censura no Brasil”. “Como eu votaria? Eu nem leria. O relator é um cara do PCdoB. Qualquer projeto que venha do PT, PCdoB e PSol, pode votar contra sem ler que você tem muito a ganhar. Raramente eles apresentam um projeto que presta. Fora isso, tentam levar o Brasil para o socialismo.”

Veja outros temas da live:

Energia
“A partir do dia 15 não teremos mais a cobrança de escassez hídrica. Tivemos a maior seca dos últimos 90 anos, fomos obrigados a decretar a bandeira de escassez que pesou no bolso de vocês. Os reservatórios estão em bons níveis no Brasil e podemos retirar a bandeira, refletindo em uma economia de aproximadamente 20%. Temos garantia de segurança energética até o final do ano. Custou, mas não temos nem racionamento nem apagão.”

Vacina
“O pessoal está relaxando, não está tomando vacina BCG, hepatite… Recomendo a todos tomarem essas vacinas para alcançarmos a meta. Tomou-se muito mais vacina contra a Covid do que essas outras que estão provadas cientificamente e são importantes para nossa saúde.”

Fies
“Na Caixa, 85 mil jovens formados já negociaram a redução de 92% da dívida do Fies. A operação pode ser feita por um aplicativo. Temos pouco mais de 1 milhão de jovens inadimplentes.”

Lula
“Um candidato criticou a classe média, disse que não pode consumir tanto. O que é classe média? Pessoa que recebe em média R$ 2.500 por mês, um casal de dois que ganha até R$ 5 mil. O cara diz, entre outras coisas, que só pode ter uma televisão em casa. É a mão do socialismo, querendo agir. Imagina eu domingo vendo futebol, minha esposa não é fã, a filha podia querer ver outra programação. Cada vez mais a gente vê que esse candidato aí quer interferir na sua vida. Ele também diz que precisa avançar muito no Brasil e a pauta de família é retrocesso. Vocês sabem a pauta de família do PT, aquela desconstrução da heteronormatividade. Ele falou tanta besteira. Defendeu o aborto. Para ele aborto e tirar um dente é a mesma coisa.”