O presidente Jair Bolsonaro disse, durante a live semanal, transmitida nesta quinta-feira, que Sergio Moro, ex-ministro da Justiça, é “mentiroso”. O comentário ocorreu quando Bolsonaro lia uma notícia sobre o comunicado da Polícia Federal (PF) ao Supremo Tribunal Federal (PF) de que não há indícios de crime nas trocas feitas no comando da corporação. As mudanças e a suposta interferência foram algumas das justificativas de Moro para deixar o governo. “Sérgio Moro: além de traíra, é mentiroso,” disparou. Nesta quinta, Moro desistiu da candidatura à Presidência e também trocou de partido.
Em relatório enviado ao STF, a Polícia Federal sustenta que o presidente não interferiu na corporação. A investigação sobre o caso começou há dois anos, após denúncias levantadas pelo então ministro Sérgio Moro.
Ao deixar o cargo, em abril de 2020, ele afirmou que o presidente havia dito em uma reunião, no mesmo mês, que pretendia interferir na superintendência da corporação no Rio de Janeiro. O ato, de acordo com as acusações, tinha como objetivo proteger amigos e parentes.
No entanto, para a PF, não foram encontrados elementos suficientes para caracterizar a eventual interferência ou a prática de qualquer crime de Bolsonaro em relação ao caso. “No decorrer dos quase dois anos de investigação, dezoito pessoas foram ouvidas, perícias foram realizadas, análises de dados e afastamentos de sigilo telemático implementados. Nenhuma prova consistente para a subsunção penal foi encontrada. Muito pelo contrário, todas as testemunhas ouvidas foram assertivas em dizer que não receberam orientação ou qualquer pedido, mesmo que velado, para interferir ou influenciar investigações conduzidas na Polícia Federal”, cita um trecho do relatório.
A Procuradoria-Geral da República, ao abrir a investigação, afirmou que Moro também corria risco de ser enquadrado, pelo crime de denunciação caluniosa, em caso de as denúncias não se confirmarem. No entanto, para a Polícia Federal, o ex-ministro também não cometeu crime.