Em meio à ameaça de paralisação dos rodoviários, nesta quinta-feira, o prefeito Sebastião Melo afirmou hoje que pretende aumentar os valores do estacionamento rotativo em Porto Alegre. Sem detalhar as novas tarifas, Melo destacou que a prefeitura custeia 100% da passagem dos alunos dos ensinos fundamental e médio de baixíssima renda, com aporte de R$ 25 milhões no sistema de transporte público. Com o reajuste da área azul, a ideia é ampliar os valores destinados a esse segmento.
“O que estamos propondo nas negociações, além desses R$ 25 milhões, é que vamos bancar mais um valor. O que temos para a frente, de recursos que virão? Vamos aumentar o valor da tarifa da área azul. Esse valor que vamos aumentar da área azul vamos botar direto para financiar (o transporte público)”, destacou, em coletiva de imprensa antes de palestrar no Tá na Mesa, da Federasul, que homenageou os 250 anos de Porto Alegre.
O prefeito criticou as manifestações dos últimos dias dos rodoviários e reiterou que o sistema de transporte público faliu em todo país antes da pandemia. “Essa greve é meio combinada entre patrões e empregados, isso não está correto. E eu já disse isso para eles, ao sindicato e aos patrões. Estamos numa mesa de negociação”, declarou. De acordo com o prefeito, as empresas haviam sido alertadas do risco de reajustar os salários dos trabalhadores em 10%, assim como o vale-alimentação.
De acordo com ele, esses aumentos foram concedidos porque as concessionárias ‘queriam justificar o aumento da passagem’. Sobre a possibilidade de greve da categoria, Melo é taxativo: “Se eles fizerem isso vou abrir amanhã para a Grande Porto Alegre pegar passageiros, táxis e lotações pegarem passageiros”, afirmou. “Se querem endurecer, vamos endurecer”, sustentou.
Dmae
Melo também afirmou que vai tomar neste ano a decisão sobre o futuro do Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae), depois de avaliar estudos de uma consultoria. Caso a concessão seja confirmada, Melo quer incluir a gestão de resíduos sólidos e a drenagem.
De acordo com o prefeito, Porto Alegre contabiliza 800 áreas com ocupação irregular e, por conta disso, a prefeitura mantém cautela sobre o tema. “Não posso entregar o Dmae e, no dia seguinte, não ter água para essas pessoas que estão em área irregular”, justifica. “Ou vamos entregar o Dmae à iniciativa privada ou não. Estamos estudando essa matéria desde o ano passado numa modelagem de levar junto a drenagem urbana. Eu não vou entregar o Dmae, o filé e o contrafilé e ficar com a carne de pescoço”, destacou.
Segundo a prefeitura, o Dmae precisa de cerca de R$ 200 milhões para a manutenção da drenagem, das bacias e dos arroios da cidade. “Se nós não caminharmos na direção de entregar o Dmae, vou buscar um grande empréstimo para enfrentar a drenagem. Do jeito que está não da mais”, garantiu. Melo ainda criticou o marco regulatório do saneamento no Brasil e afirmou que a lei federal deixou a desejar.
Balanço
Ao apresentar um balanço dos 15 meses da gestão, Melo explicou que os 73 projetos encaminhados pelo Executivo à Câmara foram aprovados sem rejeição dos vereadores, entre os quais o que determina a suspensão dos aumentos do IPTU. Sobre a aprovação da reforma da previdência, ele garantiu que os gastos vão diminuir até 2040. “O déficit da previdência é de R$ 1,3 bilhão ao ano”, sustentou.
Entre as principais iniciativas desde que assumiu o governo, Melo ressaltou a revitalização do Centro Histórico e do Quarto Distrito, o incentivo à inovação e ações de inclusão social. O prefeito afirmou ainda que os vereadores ‘compreenderam a transformação’ e as ‘mudanças’ realizadas pela prefeitura. “Vamos seguir com os esforços para reduzir a burocracia, licenciar rapidamente os negócios, reduzir impostos, apoiar inovação e dar segurança (jurídica) para quem pretende investir na cidade”, afirmou.