O ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, Marcos Pontes, anunciou em pronunciamento em rede nacional nesta terça-feira que entrou em fase de teste no país uma vacina de RNA de terceira geração contra a Covid-19. Segundo o ministro, a nova vacina brasileira é superior às disponíveis hoje no mercado. “A tecnologia dessa vacina é mais segura e eficaz”, afirmou.
“Em poucos meses poderemos dizer: ‘o Brasil tem soberania na produção de vacinas’. (…) Para chegarmos onde estamos hoje foram necessários cerca de R$ 1 bilhão em investimentos”, enumerou. Segundo ele, “as vacinas produzidas por instituições brasileiras como Instituto Vital Brasil, Butantã e Fiocruz são reproduzidas por meio da replicação das tecnologias necessárias mediante a liberação internacional”.
Vacina RNAm
O uso de vacinas de RNA mensageiro (RNAm) passou a ser permitido, pela primeira vez, com a emergência da pandemia da Covid-19. A tecnologia, no entanto, já é estudada há mais de três décadas e nunca havia tido o uso viabilizado antes da pandemia. A novidade, contudo, levantou uma série de dúvidas em parte da população, por se tratar de uma substância biológica injetada em indivíduos supostamente saudáveis — diferente do remédio, que é usado em alguém doente.
Um dos principais motivos de desconfiança em relação às vacinas da Pfizer/BioNTech e da Moderna — ambas baseadas em RNA mensageiro e as primeiras a serem liberadas nos EUA e União Europeia — é o fato de terem ficado prontas em menos de um ano.
Esses imunizantes possuem moléculas sintetizadas em laboratório com uma cadeia de material genético: o RNA mensageiro. Ao entrar nas células humanas, o RNAm funciona como uma espécie de receita de bolo. Ele orienta o organismo a produzir um pedaço da proteína de pico do SARS-CoV-2. É contra esses pedaços (inofensivos) do coronavírus que o sistema de defesa vai atuar e produzir anticorpos, reforçando a imunidade do organismo.
Governo frisa que vacina de RNA não gera modificação genética
Em nota técnica enviada em janeiro ao Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos contra a Covid-19, a Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à Covid-19 (Secovid), do Ministério da Saúde, prestou uma série de esclarecimentos sobre o assunto, rebatendo a possibilidade de que as vacinas com tecnologia RNA ocasionem algum tipo de modificação genética.
“As vacinas de mRNA (RNA mensageiro) mostram-se incapazes de integração do genoma humano e modificação genética”, frisou. A Secovid considera que os profissionais de saúde devem se munir de conhecimento técnico para combater as fake news, que fazem aumentar as dúvidas e a desconfiança da população em relação à tecnologia RNA.
Para reforçar o argumento, a nota cita um estudo de revisão que refuta a possibilidade de mudanças no DNA, reiterando que não há ocorrência de interação entre o mRNA citosólico e o genoma, e, por isso, as vacinas de mRNA permanecem fora do núcleo da célula.
“Embora as vacinas de mRNA sejam clinicamente eficazes e seguras, a principal vantagem dessa plataforma é sua capacidade de produção escalonável em um período extremamente curto. Assim, as vacinas de mRNA são uma opção de resposta atraente para a pandemia de Covid-19”, completa a nota.