Impasse mantém obras paradas no entorno da Arena do Grêmio

Prazo estipulado, de 58 meses (quase 5 anos), entra em vigência após a aquisição da gestão do estádio pelo clube, o que ainda não aconteceu

Foto; Alina Souza/CP

Passados mais de nove anos da inauguração da Arena do Grêmio, a situação do entorno do estádio segue inalterada, com impasses que trazem transtorno para os moradores do bairro Humaitá. “Começa a chuva, dá um desespero tão grande que as pessoas vão para rua desobstruir os canos”, relata Sandra Lúcia Maciel, presidente da Associação de Moradores do Bairro Humaitá, ilustrando a situação vivida, principalmente, por quem reside nas vilas Farrapos, Mario Quintana e Areia.

Após um acordo definitivo entre Ministério Público, OAS Investimentos, Arena Porto Alegrense, Karagounis, Albizia Empreendimentos Imobiliários, Acauã Empreendimentos Imobiliários e Grêmio, firmado em 9 de abril do ano passado, prevendo obras na avenida A.J. Renner, na Padre Leopoldo Brentano e na rua José Pedro Boéssio, além da construção de um quartel para o 11º Batalhão de Polícia Militar e de uma Estação de Bombeamento de Esgoto, nada mudou. O prazo estipulado para essas obras, de 58 meses (quase 5 anos), entra em vigência após a aquisição da gestão da Arena pelo Grêmio, o que ainda não aconteceu.

A única etapa imediata prevista no acordo judicial era a execução dos serviços de drenagem, desassoreamento do canal sul, de poços e canal de expurgo da Estação de Bombeamento de Águas Pluviais (Ebap) localizada na rua Voluntários da Pátria, de responsabilidade da OAS. “Nada está limpo, está tudo obstruído. Toda vez que chove com mais intensidade vai alagando. É direto. E com a chegada do inverno a coisa vai piorar”, completa Sandra Lúcia.

A Procuradoria-Geral do Município (PGM) de Porto Alegre sustenta que os serviços foram realizados, mas houve divergência técnica em relação ao que previa o termo de referência. Procurado, o Dmae informou que o serviço está suspenso em razão da necessidade de alinhamento entre a autarquia, a PGM e o Ministério Público (MP). O órgão estuda medidas com relação ao aprofundamento do canal de expurgo da casa de bombas.

O entrave da compra da Arena
O acordo para a aquisição da gestão da Arena pelo Grêmio era previsto para 7 de outubro do ano passado. Em audiência presidida pela juíza Nadia Mara Zanella, responsável pela ação civil pública movida pelo Ministério Público (MP), Grêmio e OAS Empreendimentos afirmaram ter 90% dos documentos necessários para a transação e solicitaram prorrogação no prazo para a finalização do negócio. Em nova audiência, no dia 10 de dezembro, atendendo a um pedido conjunto das partes, a juíza determinou segredo de justiça nas negociações, o que impede MP e PGM de se aprofundar em novos desdobramentos do processo.

No entanto, procurado, o presidente do Grêmio, Romildo Bolzan Júnior, afirmou que há pontos pendentes. “Recebemos a finalização de todas as diligências e auditorias que realizamos. Elas já estão avaliadas e sendo discutidas no âmbito do Conselho de Administração para o devido posicionamento do Grêmio”. Bolzan fala que o principal obstáculo está na troca de comando do Grupo OAS, atualmente denominado Grupo Metha. “A situação mais complicada no momento é a OAS ter outro dono e que não está inserido no negócio, o que impossibilitou o andamento até a finalização do processo”, completa. Um fundo de investimento comprou a empreiteira, em junho de 2021.

Uma nova audiência entre as partes era programada para 22 de fevereiro, terça-feira que vem, mas, conforme o presidente do clube, acabou sendo suspensa a pedido dos representantes da OAS Empreendimentos.

Acordo não volta à estaca zero, garante Bolzan
Questionado sobre a possibilidade de anulação do acordo de abril do ano passado, Bolzan descarta a possibilidade de reiniciar as tratativas do zero, mesmo com a demora e a inexistência de novo prazo para aquisição da gestão da Arena. “Não existe voltar à estaca zero, pois isso implica nova modelagem de negócio, o que não está sendo cogitado”, salienta.

O presidente, contudo, não demonstra otimismo no atual cenário, embora as conversas sigam ocorrendo. “Atualmente, vejo essa situação com muita dificuldade em prosperar por conta dos entraves que foram colocados no decorrer do processo”, admite.

Conforme o texto do acordo, a aquisição da gestão do estádio vai custar ao Grêmio R$ 42,4 milhões, parcelados em 60 meses.

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