“Ômicron está tomando conta e números vão continuar subindo”, alerta infectologista

Rio Grande do Sul registrou mais 14,3 mil casos, nesta sexta, e ocupação de leitos de UTI aumentou 91,2% em duas semanas em Porto Alegre

Foto: Guilherme Almeida/CP

Com mais 14.345 diagnósticos da doença reportados hoje pela Secretaria Estadual da Saúde (SES), o Rio Grande do Sul começa a enfrentar um verdadeiro tsunami de novos casos diários de coronavírus. O avanço da variante ômicron já começa a refletir no aumento da ocupação de leitos de terapia intensiva em Porto Alegre. Em duas semanas, o número de pacientes internados em Unidades de Terapia Intensiva (UTI) cresceu 91,2%.

Desde o início do mês, as UTIs vêm registrando aumento gradual das internações. Nesta tarde, 65 pacientes com diagnóstico de Covid-19 recebem atendimento em estado grave. Há duas semanas, eram 34.

O chefe do Serviço de Infectologia do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), Eduardo Sprinz, espera que o cenário atual da pandemia não se transforme ‘no pesadelo que a gente viveu no ano passado’. “A curva (crescimento de casos) é a cara do que aconteceu na Europa e nos EUA. É a variante ômicron tomando conta. E os números vão continuar subindo de forma vertiginosa”, explica.

A disseminação do vírus gerou uma explosão de casos de Covid, elevando para 74.295 o número de diagnósticos da doença nos primeiros 14 dias de janeiro. No pior momento da pandemia, em março do ano passado, foram confirmados, em 30 dias, 233.632 casos da doença.

“Estamos começando a ver pacientes internando por Covid nos hospitais”, salienta Sprinz. O infectologista reforça que o aumento das internações em leitos de terapia intensiva só não é maior por conta do alto índice de vacinação em Porto Alegre. Ainda assim, o especialista pondera: “Se eu tenho uma doença 100 vezes menos letal, mas contaminando cem vezes mais, vai ser a mesma coisa. A gente está vendo, no geral, que é menos grave, mas se muita gente ficar doente, ao mesmo tempo, vai ser uma catástrofe”, adverte.

Ao destacar a importância da vacinação e de medidas de proteção individual, Sprinz alerta que a população deve evitar aglomerações.

“É uma cepa muito transmissível, mas menos agressiva”, avalia secretário da Saúde
Mesmo com o crescimento das internações em UTIs, inclusive de casos confirmados para Covid-19, o secretário municipal da Saúde de Porto Alegre, Mauro Sparta, avalia que o sistema de saúde não deve enfrentar cenário semelhante ao pior momento da pandemia, em março e abril do ano passado, quando os hospitais operaram acima da capacidade.

Com 614 leitos de terapia intensiva ocupados – de um total de 863 – a taxa de lotação em Porto Alegre era de 75,62%, nesta tarde, com 65 pacientes com diagnóstico do novo coronavírus.

Conforme Sparta, a ômicron se revela ‘muito transmissível, mas menos agressiva’. Por conta disso, ele acredita que as internações em leitos de terapia intensiva não devam subir. “A vacinação está sendo muito efetiva, se não tivéssemos vacinado, estaríamos enfrentando situação parecida com aquela”, avalia, acrescentando que se for preciso a prefeitura pode ampliar o número de leitos de alta complexidade.

Para avaliar o perfil das internações atuais em Porto Alegre, a SMS vem fazendo o levantamento dos pacientes. “A maioria deles está com esquema vacinal incompleto, além de apresentar comorbidades mais graves”, ressalta.

Em relação aos leitos clínicos, Sparta confirma leve aumento. Mesmo assim, ele reforça o apelo à população para buscar os postos de vacinação.