Dmae adota medidas para minimizar desabastecimento de água em Porto Alegre

Sistema de Abastecimento de Água (SAA) Belém Novo, que atende mais de 240 mil moradores, é um dos mais afetados

Captação na estação de Bombeamento de Água Bruta (EBAB) Belém Novo, na Avenida do Lami, é uma das mais afetadas. Foto: Rádio Guaíba

A forte onda de calor nos primeiros dias do ano aliado a estiagem que o Estado vem enfrentando impactam diretamente no abastecimento de água das cidades. Em Porto Alegre, o Departamento Municipal de Água e Esgotos (Dmae) busca fazer manobras de captação diariamente para manter o abastecimento de água nos bairros da Capital. Entretanto, diferentes fatores influenciam para manutenção do sistema.

Na manhã desta quarta-feira, o diretor geral do Dmae, Alexandre Garcia mostrou para jornalistas todo o sistema de captação e tratamento de água em uma das região mais afetadas nesse período: o extremo sul de Porto Alegre, incluindo as regiões da Lomba do Pinheiro e Restinga. Durante mais de uma hora, Garcia explicou sobre a captação de água na Estação de Bombeamento de Água Bruta (EBAB) Belém Novo, na Avenida do Lami.

Nesse ponto, na baía de Belém Novo, o nível mais baixo no Guaíba, associado ao vento, tem gerado alta turbidez da água bruta. Ou seja, a água está mais turva, com mais partículas em suspensão – tais como terra e lodo em movimento -, dificultando a captação e o tratamento. A qualidade da água captada normalmente no Guaíba atinge uma média de 30 a 50 unidades de turbidez (NTU). Nas condições atuais, o valor chegou a 1.000 NTUs, que é o topo do medidor. Quando a água bruta entra na Estação de Tratamento com alta turbidez, é preciso aumentar a dosagem de coagulantes e reduzir a vazão, para manter o padrão de potabilidade e a qualidade da água que é distribuída à população.

A atual Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo tem capacidade para tratar até 1.200 litros por segundo, o que equivale a mais de 100 milhões de litros de água por dia. Com a dificuldade na captação, está produzindo uma média de 856 litros por segundo (cerca de 74 milhões de litros por dia), o que, em horários de pico de consumo, não é suficiente para manter os reservatórios cheios e atender a demanda. Nesta baía, há duas captações, uma mais próxima da margem (150 metros) e outra a cerca de 2.000 metros da margem. A Estação de Bombeamento de Água Bruta (EBAB) Belém Novo, na Avenida do Lami, 23, capta a água destes dois pontos e envia até a Estação de Tratamento de Água (ETA) Belém Novo. O vento interfere em dois aspectos na captação de Belém Novo: nível do Lago e Turbidez da água bruta. Ventos do quadrante Sul e Oeste tendem a represar o Lago e o inverso ocorre com ventos do quadrante Norte e Leste. Já a Turbidez aumenta com ventos de Oeste e Sul, mas neste momento, em razão da estiagem, qualquer vento de maior intensidade, como os registrados no último final de semana, provoca aumento de Turbidez, limitando a capacidade de tratamento.

Garcia explica que medidas são feitas mas nem sempre são suficientes para atender a demanda nesse período. “Paralelo a isso nós temos o sistema de contêineres locados para que tenhamos um aporte de 200 litros pro segundo a mais no sistema justamente para poder vencer momentos mais críticos”, explica.

Para amenizar os impactos do desabastecimento em algumas regiões da Capital o dmae instalou comportas para isolar as captações em momentos de maior turbidez do lago Guaíba; colocou em atuação mergulhadores para melhorar o entorno da captação e vem fazendo manobras de parada de estações de bombeamento para encher os reservatórios e retomar a distribuição. Em alguns locais, o Dmae está levando caminhões-pipa para atender as comunidades, em contato com as Subprefeituras das regiões.

Solução definitiva

O atual Sistema de Abastecimento de Água (SAA) Belém Novo, que abastece mais de 240 mil moradores do Sul, Extremo-Sul e Lomba do Pinheiro, está no limite de sua capacidade. Com o aumento da demanda, causado pelo crescimento populacional dos últimos anos, o Dmae passou a buscar alternativas para melhorar essa situação, até chegar ao projeto do novo SAA Ponta do Arado, que prevê a execução de sete obras e investimento estimado de R$ 250 milhões.

“A obra do sistema da Ponta do Arado vem para transformar o sistema de abastecimento da zona sul, extremo sul e leste de Porto Alegre. Vamos mais do que dobrar aquilo que temos hoje. Então ela vem para cobrir esse déficit e possibilitar todo o crescimento demográfico na região”, pontua o diretor.

A previsão é que todo o sistema esteja em funcionamento em 2024, somando 2.000 litros de água à produção. A primeira das sete obras, a adutora subaquática de captação de água bruta está em andamento, e em breve deverá ter início a construção da nova Estação de Tratamento.