Ipea aponta que quase 30% dos desempregados procuram vaga há mais de dois anos

Foto: Guilherme Testa / CP Memória

No terceiro trimestre, quase 30% dos cerca de 13,5 milhões de desempregados do País estavam em busca de uma vaga havia mais de dois anos, o maior percentual de pessoas nessa situação em toda a série histórica iniciada em 2012. Os dados fazem parte de um levantamento do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), ao revelar que o emprego sem carteira assinada cresceu mais do que o trabalho com carteira em todas as atividades econômicas que abriram vagas em relação a um ano antes.

O estudo tem como base os microdados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua), apurada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), e o Novo Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados).  A taxa de desemprego ficou em 12,5% no terceiro trimestre, com base em dados da Pnad Contínua dessazonalizados pelo Ipea, ou seja, retirando do cálculo influências dessa época do ano.

O número apresentado significa o menor nível desde o trimestre móvel encerrado em abril de 2020, embora o contingente de pessoas em busca de emprego ainda tenha sido de 13,5 milhões. Conforme a Carta de Conjuntura divulgada pelo Ipea, no terceiro trimestre de 2021 a proporção de desempregados que estava nesta situação há mais de dois anos chegou a 29%, atingindo o maior patamar da série. O total de empregos com carteira assinada no setor privado cresceu 5,9% no terceiro trimestre de 2021 comparado com o terceiro trimestre de 2020.

No mesmo período, o montante de profissionais sem carteira assinada no setor privado aumentou 18,5%, enquanto o estoque de trabalhadores atuando por contra própria teve elevação de 18,4%. Nas dez das 13 atividades econômicas onde houve alta no emprego com carteira assinada, a variação foi mais branda que a do emprego sem carteira.

O segmento de serviços domésticos teve a maior diferença registrada entre o crescimento anual do emprego formal, ou seja, com carteira assinada, (+4%) e do emprego informal, sem carteira assinada (+28,1%). O segmento de alojamento e alimentação teve um salto de 22% no emprego com carteira assinada, mas a variação do emprego sem carteira foi quase o dobro, 39,2%. Na indústria de transformação, a alta no estoque de vagas com carteira foi de 8,7%, enquanto o de sem carteira subiu 22,6%.

Na indústria extrativa, o emprego com carteira aumentou 6,3%, e o sem carteira cresceu 22,5%. No comércio, o emprego com carteira aumentou 8,8%, e o emprego sem carteira, 26,8%. Por outro lado, o setor de construção civil registrou uma das menores diferenças entre o crescimento do emprego formal (+19,2%) e do emprego informal (+22,5%). Na agricultura, o emprego com carteira subiu 7,2% em um ano, e os sem carteira, 8,8%.