A população gaúcha reprova o trabalho remoto e vê necessidade de requalificação em meio à retomada econômica. Este foi o diagnóstico do Instituto Pesquisas de Opinião (IPO) a partir de um levantamento encomendado pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul (AL/RS), divulgado nesta segunda-feira (20) em transmissão ao vivo.
Segundo o estudo, realizado em novembro, mais de 58% dos entrevistados declararam não possuírem condições de desempenharem as suas funções profissionais em casa. Apenas 20% dos gaúchos acreditam ter um trabalho compatível com as atividades remotas – ainda que sintam saudades de alguns aspectos relacionados ao regime presencial.
Dentre os que consideram o home office um alternativa viável para o futuro pós-pandemia, 27,7% têm necessidade de contato/comunicação presencial. Outros 24% não gostam do isolamento, enquanto 18% apontam que tiveram a renda reduzida pelo regime e 15,7% enfrentaram queda de produtividade. Outros 4,8% não têm estrutura adequada.
Para a diretora do IPO, a cientista social e política Elis Radmann, outro aspecto importante revelado pela pesquisa é a dificuldade de separar a rotina pessoal e profissional quando não há distanciamento físico entre as duas realidades; 61,5% dos entrevistados admitiram que misturam as coisas, enquanto apenas 22,5% conseguem manter os limites.
“A reforma da previdência ampliou o tempo de trabalho, e a tecnologia vem diminuindo as vagas. Olhem a equação, a complexidade dela. Ela torna este ambiente mais difícil para a população. Este tema é ainda mais frágil para os negros, que precisam de mais atenção em termos de qualificação, requalificação e políticas de inclusão digital”, ressalta.
Educação
A necessidade de requalificação profissional foi quase unanimidade entre os entrevistados, sendo citada por 95,7% das pessoas consultadas pelo IPO. “A Assembleia Legislativa está tentando entender o que a sociedade está querendo para representá-la da melhor forma possível em plenário”, afirma o presidente da Casa, deputado Gabriel Souza (MDB).
Desde o início da pandemia da Covid-19, 61% dos gaúchos tiveram alguma perda econômica ou financeira. Quase 25% perderam o emprego, enquanto 10% sofreram com mudanças na rotina. O estudo aponta, ainda, que a maior parte da população gaúcha – em especial nas camadas menos abastadas – aprovam a obrigatoriedade da vacinação.
O debate sobre o futuro do trabalho promovido pela Assembleia reuniu também o professor do Departamento de Economia da FEA-USP, José Paulo Chahad; o desembargador Luiz Eduardo Gunther; e a pesquisadora do CESIT/Unicamp e professora, Magda Biavaschi.