Foi dada a largada da primeira temporada do Rally do Solo, projeto que fará um levantamento completo de todas as características e variáveis das 13 classes de solo existentes no país. Serão registrados e analisados dados de morfologia, qualidade e solo nos ambientes de produção. O objetivo é levar informações técnicas precisas para produtores rurais, profissionais, pesquisadores e empresas.
As primeiras coletas iniciaram pelo município de Paulo Lopes (SC), ainda no mês de outubro. O trabalho segue em outras 15 propriedades rurais, todas em Santa Catarina. “Apesar da dimensão territorial do Brasil, Santa Catarina tem representatividade de todos os tipos de solo, pois boa parte das classes compartilha o mesmo material de origem”, afirma o engenheiro agrônomo Eduardo Silva e Silva. O especialista explica que os solos são classificados tanto de acordo com propriedades e atributos, como textura, cor e drenagem, quanto de acordo com aspectos químicos, como saturação de bases, acidez, teor de matéria orgânica, etc.
O resultado será uma série de informações detalhadas das condições do solo, como identificação do perfil em horizontes diagnósticos, profundidade do perfil e alcance das raízes das plantas, entre outras. “O objetivo central consiste em informar que os solos não se resumem a ‘argiloso ou arenoso’. Essas informações levarão conhecimento ao produtor rural, para que ele possa compreender as reais necessidades de manejo e as condições adequadas para a lavoura alcançar maior produtividade, em vista da saúde desse solo. Por isso, o projeto propõe cruzar informações de morfologia (propriedades inerentes ao solo) com o manejo, onde em uma breve analogia com a medicina, corresponderia dizer que se o solo fosse um paciente, o resultado dos exames dará as suas reais condições de saúde e se ele está melhor preparado para correr 100 metros, ou escalar montanhas”, compara Silva e Silva.
O Rally do Solo foi elaborado pelo Núcleo de Inovação e Pesquisa (NIPS) da SulGesso/MaxiSolo, empresa catarinense líder na industrialização e comercialização de sulfato de cálcio no Sul do Brasil, em parceria com o Projeto Inova Mineral da FINEP (Financiadora de Estudos e Projetos do Governo Federal).
O professor Dr. Antônio Ayrton Auzani Uberti, da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), doutor e uma das maiores autoridades brasileiras em ciência do solo, integra a equipe que nas próximas semanas também vai realizar coletas e análises em regiões distintas como o Oeste, o Vale do Itajaí, a Grande Florianópolis e o Planalto, visto que o solo sofre influências de clima, altitude, relevo e material de origem. No total, serão analisadas mais de 100 amostras. Todo o trabalho é realizado em solos naturais, ou virgens, que nunca foram agricultados. “Partimos da condição original, coletamos amostras em diferentes profundidades e as análises físico-químicas desse material são feitas em laboratório. Junto com a nossa avaliação a campo, teremos condições de dizer ao produtor rural o que é necessário ajustar e o potencial que ele pode alcançar para aumentar a produtividade”, detalha Silva e Silva, gerente técnico da SulGesso / MaxiSolo e um dos idealizadores do projeto, junto com Uberti.
Os resultados serão utilizados pela SulGesso/MaxiSolo no desenvolvimento de uma tecnologia desenvolvida para a produção de fertilizantes minerais encapsulados, com liberação controlada de nutrientes para as plantas. Silva e Silva detalha que “queremos entender como as classes de solos receberão essa tecnologia. Para entendermos a dinâmica do fertilizante, temos que entender melhor as propriedades de cada classe de solo. Como se comportará o nosso produto em um Latossolo ou Neossolo? Em determinado lugar a tecnologia terá a tendência de acelerar a liberação, enquanto em outro ela tenderá a ser gradual, o que implicaria em adoções de estratégias direcionadas, para cada. Além de envolver gastos com insumos, deve refletir na produtividade final da propriedade”.
O projeto é inspirado no Rally da Safra, que avalia as condições das lavouras em áreas produtoras de soja e milho, para um raio-x do agro brasileiro. “O Rally do Solo também vai levar, a todos os setores do agronegócio, informações técnicas sobre a importância de se conhecer o solo, para que as práticas para a sua conservação sejam apropriadas e efetivas, indo ao encontro da principal bandeira levantada pela empresa: ‘Solo, o nosso maior patrimônio”, acrescenta Silva e Silva. A previsão de encerramento do primeiro Rally do Solo brasileiro é março de 2022.