Kiss: defesas de Marcelo e Mauro Hoffmann pedem absolvição da acusação de dolo eventual

Advogados fazem as últimas considerações no julgamento da boate Kiss

Foto: Ricardo Giusti/CP

Após a réplica do Ministério Público, as defesas dos quatro réus do Caso Kiss começaram a fazer as últimas considerações, na tarde desta sexta-feira. Os advogados de Marcelo de Jesus e Mauro Hoffmann pediram a absolvição da acusação de dolo eventual. A advogada Tatiana Bastos reforçou a tese de que Marcelo de Jesus, ex-vocalista da Gurizada Fandangueira, não teve a intenção de provocar mortes na boate Kiss. “A gente não pode querer usar o dolo eventual como vingança”, justificou.

Segundo a defesa do réu, que é acusado de não ter avisado os clientes da Kiss para saírem do estabelecimento, a não sinalização do perigo ocorreu por conta do caos do momento. “Numa situação de desespero, a gente quer apagar o fogo para que nada mais aconteça. Ninguém lá foi indiferente. Não tem como ser indiferente”, afirmou.

A defensora criticou a atuação do Ministério Público em relação à dor dos familiares das vítimas do incêndio. “A gente sabe o que é a dor de Santa Maria. A senhora (promotora Lúcia Helena Callegari) não sabe o que é a alegria de Santa Maria, que infelizmente foi acometida por aquela tragédia”, lamentou.

Já a defesa de Mauro Hoffman pediu a absolvição do réu por ausência de conduta ou que os jurados desclassifiquem para crime culposo. “[O que] Se quer [é] uma responsabilização por contrato social”, disse o advogado Bruno Seligmann, que integra defesa do réu junto com o defensor Mário Cipriani.

“Mauro só está nesse processo porque era sócio, não pelo o que ele fez”, sustentou Cipriani. A defesa de Hoffmann seguiu criticando a atuação do Ministério Público sobre o processo, reforçando que não há indícios suficientes para dizer que o sócio da boate Kiss é também responsável pelo incêndio. “A acusação de dolo eventual contra Mauro não se sustenta”, disse.

Mais cedo, durante as argumentações do Ministério Público, a promotora Lúcia Helena Callegari mostrou, durante a sessão no plenário no Foro Central de Porto Alegre, um documento de relato de uma testemunha, em que o réu Elissandro Spohr supostamente incentivou a banda Gurizada Fandangueira a utilizar artefatos pirotécnicos na boate Kiss.

Já o promotor David Medina, disse que os réus no Caso Kiss querem se isentar e culpar o poder público pelo incêndio em Santa Maria, que provocou 242 mortes em janeiro de 2013. “A que ponto nós chegamos: aqueles que colocaram fogo, se isentam da responsabilidade, atribuindo a culpa ao poder público”, afirmou.

Após as considerações dos advogados de defesa, os jurados vão se reunir em sala reservada para decidir o veredito do julgamento.