Alvará vencido não impedia funcionamento da boate Kiss, sustenta bombeiro

Depoimento de Gerson da Rosa Pereira começou antes das 16h 

Foto: Ricardo Giusti/CP

Passadas mais de quatro horas de depoimento, o bombeiro militar Gerson da Rosa Pereira, afirmou que mesmo com o alvará vencido, em razão da lei da época, não havia nenhum impedimento para a boate Kiss funcionar. “Pelo que exigia a norma, ela oferecia [condições de operar] de acordo com aquele alvará que nós tínhamos, e que embora estivesse vencido. Aí é opinião pessoal minha, hoje não funciona, mas naquela época funcionava, não era objeto de interdição”, disse a terceira testemunha ouvida nesta terça-feira no julgamento.

Segundo Pereira, a legislação mudou após a tragédia de Santa Maria, em 2013. “Teve uma revisão em uma série de lugares. A gente acredita que as coisas têm segurança. Orientava os meus filhos quanto à segurança. Minha filha frequentava a Kiss. Ela e um dos meninos acabaram não indo. A dor que os pais sentem hoje eu entendo”, disse, emocionado.

O advogado Jader Marques, defensor de Elissandro Spohr, mostrou uma reportagem feita com Pereira logo após o incêndio. Os vídeos reproduzem programas de entrevistas questionando a ausência de mais uma porta de saída na boate. Na época, segundo Pereira, a norma não exigia uma saída de emergência. “Os bombeiros aplicavam a norma. Para aquela estrutura e para aquele alvará, o imóvel apresentava o que era exigido”.

Sobre a necessidade de treinamento de pessoas na prevenção e combate a incêndio, o bombeiro afirmou que na boate Kiss, “com aquela área deles”, era preciso haver no mínimo duas pessoas com treinamento. Em relação a extintores de incêndio, Pereira explicou que a localização desses equipamentos é definida pelo responsável técnico, o engenheiro encarregado pelo plano de prevenção, com base na norma.

Questionado se havia como apagar, com um extintor, um foco de incêndio com o tamanho de um CD, por exemplo, ele disse ser difícil com os aparelhos que existiam na Kiss. “Minha interpretação é que, pela temperatura, pelo gás tóxico, pela queima da área, seria difícil com os extintores que existiam lá. Princípio de incêndio se dá em um minuto. Acima de um minuto a queima já é muito rápida”, explicou.