O sobrinho do réu Elissandro Spohr, Willian Renato Machado, contou, nesta segunda-feira, no sexto dia de julgamento do caso da boate Kiss, que o tio não queria o uso de espuma dentro da casa noturna. Segundo o depoente, que também é um dos sobreviventes da tragédia, Spohr não queria o material em função da má aparência. “Era uma coisa que sempre incomodava o Kiko (Elissandro). Esteticamente achava feio”, disse Machado.
Na época do incêndio, ele fazia a divulgação, em redes sociais, dos eventos da noite. Sobre o funcionamento da casa noturna, Machado disse que não existia ordem para fechar a porta a clientes sem antes acertar o pagamento da comanda. Ele ainda relatou que ter superlotação não era vantajoso para a boate. “A gente sempre falava que, quanto mais apertado, pior é. Quando está muito cheio, as pessoas não consomem”, disse.
De acordo com Machado, Elissandro conhecia boa parte dos frequentadores da boate. “Era amigo de todo mundo”, disse. No entanto, após a tragédia em Santa Maria, muitas pessoas se afastaram da família deles. “Eu conto nos dedos quantos amigos ficaram do meu lado. Isso nos dói muito. Tínhamos contato com todo mundo”, recordou.
Questionado se haviam entrado em contato com os parentes das vítimas, ele disse que a família ficou receosa. “Foi muito dolorido para nós o incêndio. Sempre pensamos em ter contato com os familiares das vítimas, mas achávamos temerário”, lamentou.
O depoimento de Machado teve quase duas horas de duração. A terceira depoente do dia, Nathália Daronch, esposa de Elissandro Spohr, começou a falar perto das 16h.
*Com informações dos repórteres Paulo Tavares e Giovani Gafforelli