Kiss: esposa de Spohr relata que filhas querem pai “de volta para casa”

Nathalia Daronch disse que o casal explicou para as meninas sobre incêndio

Foto: Ricardo Giusti/CP

Antes de se deslocar a Porto Alegre para depor no julgamento do caso da boate Kiss, Nathalia Daronch, esposa de Elissandro Spohr, réu do processo, disse que recebeu um pedido das filhas do casal, de 8 e 5 anos de idade. “Traz o pai de volta para a casa. Eu não sabia o que responder, porque eu não sei a resposta. É muito difícil para elas”, afirmou.

Terceira pessoa a ser ouvida nesta segunda-feira, Nathalia tinha quatro meses de gestação na época do incêndio, que presenciou. Após a situação, ela e Spohr tiveram mais uma filha. “A gente precisou contar tudo o que aconteceu. Eu disse para elas da forma como dava. A Maria Luísa, que tem oito anos, disse ‘tu não queria machucar aquelas pessoas, pai’. Escutar isso de uma criança é muito difícil”, recordou.

Noite do incêndio
Sobre a noite do incêndio, Nathalia, que ficou cerca de cinco dias internada no hospital devido à intoxicação de fumaça, contou que permaneceu sentada entre as duas portas existentes na boate quando começou o fogo, mas sem notar o que ocorria.

Ela contou que um frequentador, acidentalmente, bateu com o cotovelo na barriga dele. Kiko, então, convenceu o jovem, segundo ela alcoolizado, a saírem da boate para conversar. “Neste momento, Kiko entrou na boate, após falar com o jovem, e o segurança lhe disse que havia acontecido uma ‘coisa muito séria””, relatou Nathalia. “Ele colocou as mãos na cabeça e gritou para todos saírem e que os seguranças deixassem as portas abertas”, afirmou.

Nathalia acrescentou que saiu do local junto com a multidão. Ela recordou que teve dificuldade em sair da calçada na frente da boate, porque havia um táxi barrando a passagem. A testemunha disse ainda que pulou sobre o capô do carro e, só quando chegou à área dos fundos do hipermercado Carrefour, em frente da boate, percebeu “que não era uma briga”.

Espuma
Segundo Nathalia, a colocação da espuma não havia sido ideia de Kiko, mas sim de um engenheiro de nome Samir. De acordo com a mulher de Elissandro Spohr, o profissional também vendia o material.

A proposta era impedir o vazamento de som, disse Nathalia, ao lembrar que Kiko havia investido cerca de R$ 250 mil na reforma do prédio, com a instalação de pedras “que não eram de Santa Maria” para a acústica não vazar. “Foi preciso uma logística grande para trazê-las para a cidade”, comentou a testemunha.

Nesta segunda-feira, o júri popular ainda toma o depoimento de Márcio, irmão do réu Marcelo de Jesus dos Santos, vocalista da banda Gurizada Fandangueira. Ele vai ser o último depoente do sexto dia de julgamento.

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Sair da versão mobile