Boate Kiss: funcionário conta que espuma havia sido colocada a pedido de Spohr

Érico Paulus Garcia era barman e trabalhou na noite do incêndio da casa noturna

Foto: Ricardo Giusti/CP

Funcionário da boate Kiss, Érico Paulus Garcia, contou, nesta sexta-feira, que a espuma da casa noturna, que provocou a liberação do gás tóxico responsável pela morte de boa parte das vítimas do incêndio, havia sido colocada a pedido de Elissandro Spohr, o Kiko, um dos sócios-proprietários do lugar.

Garcia é testemunha arrolada pelo Ministério Público e uma das vítimas sobreviventes do caso. Ele era barman na boate, trabalhou no dia da tragédia e hoje atua como policial militar. “Tinha um resto de espuma e o Kiko pediu para a gente (Érico e mais dois funcionários) colocar. Como ficou desparelho das cores, o Kiko pediu para tirar, pois ele ia comprar uma nova espuma para ser colado. Quando chegamos um dia, os rolos de espumas estavam lá. A gente colou a espuma com cola de sapateiro”, relatou, ao responder as questões feitas pelo juiz Orlando Faccini Neto.

Na noite do incêndio, Érico contou que o vocalista da banda Gurizada Fandangueira, Marcelo de Jesus dos Santos, não avisou sobre o incêndio na hora que começou o fogo. A testemunha disse que, da distância onde atendia os clientes, não conseguiu ouvir Marcelo falando “sai”, como mencionado no julgamento, na hora do incêndio.

Érico também lembrou que no início das chamas, uma pessoa alcançou o extintor para Marcelo. “O extintor não funcionou ou Marcelo não soube disparar”, afirmou. O depoente disse que tentou buscar um extintor na cabine do DJ, sendo aconselhado por outras pessoas a sair por causa da fumaça. “Quando olhei para trás, eu vi uma nuvem preta. Eu gritei ‘sai daqui que a fumaça é tóxica'”, disse Érico, ao relembrar a noite. Conforme Érico, pelo menos 30 conhecidos dele morreram naquela noite.

O barman também lembrou que havia táxis na frente da boate, o que dificultou a saída das pessoas na hora do incêndio. Érico disse que, ao chegar à calçada, a primeira pessoa que viu foi Elissandro. O dono da casa noturna avisou o funcionário que a esposa dele seguia lá dentro. Érico, então, voltou para procurar a mulher. Questionado se viu Elissandro entrar na boate após o início dos fogos, o barman disse que não. Em meio a isso, Érico conseguiu salvar entre 15 a 20 pessoas da morte.

*Com informações do repórter Sidney de Jesus 

WP Twitter Auto Publish Powered By : XYZScripts.com
Sair da versão mobile