Assembleia recebe novo projeto de regionalização do saneamento no RS

Diante da resistência de prefeitos e de deputados aliados, Executivo alterou o texto e encaminhou substitutivo relacionado ao saneamento

Substitutivo foi discutido em GT sobre o assunto na Assembleia Legislativa | Foto: Joel Vargas / ALRS

O Executivo protocolou na última sexta-feira o novo projeto de regionalização do saneamento básico no Rio Grande do Sul. A proposta chega em regime de urgência e passa a trancar a pauta no dia 15 de dezembro. Coincidentemente, no dia 16 termina o prazo para que as cidades atendidas pela Corsan, que são atualmente 317, assinem os aditivos, conforme previsto no projeto que autorizou a privatização da companhia.

Conforme antecipado, o projeto vem com duas alterações. A primeira é a redução no número de Unidades Regionais de Saneamento Básico (URSB). Inicialmente, o governo tinha proposto criar quatro unidades (uma de municípios atendidos pela Corsan e outras três por regiões). No texto atual, são apenas duas unidades. A URSB 1 agrupa as cidades com contrato com a Corsan, e a URSB 2, os demais municípios.

Outra adaptação criou sub-blocos na URSB 2, respeitando, dentro do possível, a organização das bacias hidrográficas do Sistema Estadual de Recursos Hídricos. Essa era uma demanda apresentada por prefeitos e entidades, em função da localização e características de municípios em função da respectiva bacia.

A segunda alteração é em relação à composição das estruturas de governança de cada unidade. A gestão vai ser interfederativa, com representatividade e peso da seguinte maneira: 60% dos votos aos municípios e 40% dos votos ao Estado. A demanda também era dos prefeitos, que queriam mais poder de decisão. Na proposta inicial a divisão era de 50%/50%.

Unidades vão desenvolver projetos em conjunto 

A criação das unidades integra o Marco Legal do Saneamento Básico, aprovado no Congresso Nacional, em 2020. A regionalização busca a garantia da universalização dos serviços, redução de custos de expansão e operação dos serviços em comparação a uma prestação local, e a garantia da viabilidade técnica e econômico-financeira. Em outras palavras, tenta diluir custos e responsabilidades entre um conjunto de municípios. Porém, é esse argumento que gera apreensão em gestores, em especial, naqueles de cidades maiores ou com cobertura mais ampla dos serviços. Isso porque cabe às unidades propiciar viabilidade técnica e econômico-financeira a cada bloco.

Se aprovada a regionalização do saneamento, os municípios terão prazo de 180 dias para declarar formalmente a adesão à respectiva unidade. Caso contrário, não poderão contrair linhas de financiamento. Nas unidades, as cidades deverão apresentar planos regionais de saneamento básico, buscando o atendimento das seguintes metas: 99% da população com água e 90% da população com coleta e tratamento de esgoto até 2033.

Na proposta, a discussão regionalizada vai ser dar, especificamente, nas atividades de abastecimento de água e de tratamento de esgoto. As atividades de drenagem urbana e limpeza ficaram de fora. Segundo o governo, na justificativa apresentada junto ao projeto, assim “pretende-se proporciona aos municípios maior liberdade na prestação destas atividades, podendo as entidades locais formular arranjos federativos que mais bem se adequem a sua realidade”.

Apesar dos ajustes feitos à proposta original, o assunto deve continuar gerando polêmica. A bancada do PT se reúne nesta terça-feira para discutir a posição e a estratégia de debate público em relação ao substitutivo.