Banco Central avalia elevar juros em ritmo ainda maior para conter inflação

Autoridade monetária admite que avaliou alta ainda maior da Selic e prevê novo ajuste para elevar a taxa a 9,25% em dezembro

Foto: Marcello Casal Jr. / Agência Brasil

O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (3) a ata da reunião que elevou a taxa básica de juros em 1,5 ponto percentual, de 6,25% para 7,75% ano. No comunicado, o Copom (Comitê de Política Monetária) aposta em outra alta no mesmo patamar na reunião de dezembro, para elevar a Selic a 9,25% ao ano, e não descarta elevações mais expressivas para conter o avanço da inflação.

“O Copom enfatiza que os passos futuros da política monetária poderão ser ajustados para assegurar o cumprimento da meta de inflação e dependerão da evolução da atividade econômica, do balanço de riscos e das projeções e expectativas de inflação para o horizonte relevante da política monetária”, diz a ata.

Aumentar a taxa de juros funciona como um instrumento de política monetária para reduzir a inflação. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas alternativas de investimento.

O documento cita ainda que os diretores da autoridade monetárias avaliaram a necessidade de elevar ainda mais a Selic diante dos “questionamentos relevantes em relação ao futuro do arcabouço fiscal atual”. “Isso implica atribuir maior probabilidade para cenários alternativos que considerem taxas neutras de juros mais elevadas”, destacam.

“Prevaleceu, no entanto, a visão de que trajetórias de aperto da política monetária com passos de 1,5 ponto percentual, considerando taxas terminais diferentes, são consistentes, neste momento, com a convergência da inflação para a meta em 2022, mesmo considerando a atual assimetria no balanço de riscos”, completa a ata.

Em outro ponto em que cita a chance de o governo furar o teto de gastos para o pagamento do Auxílio Brasil, programa idealizado pelo governo federal para substituir o Bolsa Família, o Copom prevê que a possibilidade implica na chance de uma inflação em nível acima do projetado.

“O Comitê ponderou que a assimetria no balanço de riscos, resultante dos desenvolvimentos no cenário fiscal, implica elevação do risco altista para as projeções do seu cenário básico, e avalia que esse viés de alta é agora maior do que o anteriormente considerado”, afirma.