Polícia Civil investiga relatos de abuso de crianças em condomínio de Canoas

Famílias procuraram a polícia depois que duas crianças relataram episódios de abuso à psicopedagoga da escola

POLÍCIA
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A Polícia Civil investiga o relato de duas famílias de que as filhas, de 9 anos, seriam vítimas de abuso sexual por vizinho em um condomínio de classe média alta, bairro Harmonia, em Canoas. As meninas, amigas do filho do suposto agressor, teriam sido abusadas dentro da casa do suspeito.

A residência do suspeito foi alvo de buscas e apreensão pela Polícia Civil na última quinta-feira, 28. No dia seguinte, 29, ele e a esposa retornaram à casa escoltados pela Brigada Militar para recolher alguns pertences. Ambos foram hostilizados pelos moradores, como mostra um vídeo que circula na internet.

Um empresário, pai de uma das vítimas, relata que tomou conhecimento em setembro pela pedagoga da escola. “A minha filha contou a uma colega de escola que sofria assédio e isso chegou à psicopedagoga da escola, que nos chamou e informou tudo”, descreve.

O empresário contou que era vizinho de porta e tinha uma relação de amizade de dez anos com a família do suposto abusador. “Já viajamos juntos para a Serra, Santa Catarina. Jantávamos um na casa do outro, saíamos juntos. Eram as pessoas com as quais eu mais me dava no condomínio”, afirma. Ele conta que a criança relutou em contar quem era o autor dos assédios. “Pelo que ela disse, calculamos que já passava por isso desde os cinco anos. O pai reiterou que a menina ia brincar com o filho do casal e que era convidada a subir“. “A mãe ficava no andar debaixo com o filho enquanto o marido abusava da minha filha”, relatou.

Silêncio mediante ameaças

De acordo com o empresário, o silêncio da menina foi mantido com ameaças. “Ele dizia que era um segredo e que se ela contasse não iríamos mais querer ela”, destaca. O pai disse que a menina nunca demonstrou estar passando por tal situação, mas recorda que há uns dois anos ela passou por uma instabilidade emocional grave e chegou a ter acompanhamento psicológico.

O empresário contou ainda que o vizinho chegou a dar um chip de celular para estreitar relações com a menina, mas que na época não viu maldade na atitude do vizinho. “Quando fiquei sabendo, mandei devolver”, falou.

Chip engolido

A segunda vítima também tem 9 anos e é filha de uma advogada. Ela relatou que os atos seriam filmados por uma câmera estilo “GoPro” acoplada em um capacete. Quando a polícia chegou para buscar os eletrônicos, a mulher teria engolido o chip da câmera para proteger o marido”, afirma. A advogada ficou sabendo há poucos dias que a filha também teria sofrido abusos há pelo menos dois anos.

O delegado da Delegacia de Polícia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA) de Canoas, Pablo Queiroz Rocha, disse que colheu o depoimento das duas crianças. “Há muita riqueza de detalhes, coerência de tempo e espaço no depoimento das duas meninas”, relata. O mandado de prisão ainda não foi expedido, mas as investigações devem avançar nesta semana para saber o destino do conteúdo apreendido na casa dos suspeitos e se há mais vítimas.

A mulher do homem foi contatada pela reportagem via celular, mas o telefone estava desligado.

Protesto marcado

Segundo advogada, mãe de uma das vítimas, está previsto um protesto em frente ao Fórum de Canoas na próxima sexta, às 15h. O objetivo é exigir a expedição do mandado de prisão do casal.