Ministro Alexandre de Moraes pede prisão e extradição do blogueiro Allan dos Santos

Dono do canal Terça Livre está sendo investigado no inquérito que apura atos antidemocráticos e ataques ao STF

Foto: Roque de Sá / Agência Senado / Divulgação / CPmemória

O blogueiro Allan dos Santos, dono do canal Terça Livre, teve prisão e extradição decretada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) nesta quinta-feira. O pedido foi feito pelo ministro Alexandre de Moraes há cerca de 15 dias no processo, que corre em sigilo, e foi apurado hoje pela Record TV e pelo Portal R7.

O procedimento autônomo corre em colaboração com autoridades dos Estados Unidos, onde Allan está morando. Ele é investigado no inquérito que apura incitação a atos antidemocráticos e ataques à Corte. O perfil original do comunicador no YouTube tinha sido bloqueado por determinação do ministro Alexandre de Moraes, no ano passado. No entanto, Allan havia criado uma conta-reserva, que contava com mais de 200 mil seguidores.

Em 8 de outubro, o Twitter suspendeu as contas do blogueiro e do canal. Nas páginas que foram bloqueadas, a rede social exibe um aviso de que o ato ocorre por decisão da Justiça brasileira.

Em relatório elaborado em dezembro de 2020, a Polícia Federal chegou a afirmar que articulação de Allan transcende a “mera difusão de ideias”. O documento cita como exemplo anotações apreendidas no escritório do blogueiro, que registravam: “objetivo: materializar a ira popular contra os governadores/prefeitos”; “fim intermediário: saiam às ruas”; e “fim último: derrubar os governadores/prefeitos”.

A PF observa ainda que os “objetivos antidemocráticos” externados nos manuscritos apreendidos com Allan têm de ser interpretados em conjunto com o interesse em obter espaço junto à área de comunicação do governo federal.

“É sobre esse enfoque que a CPMI das Fake News e o presente inquérito direcionaram a atenção para os critérios empregados pela Secom no repasse de recursos públicos federais a canais ditos ‘bolsonaristas’, situação ainda pendente de esclarecimento. Além disso, é fato notório que houve um aumento significativo do número de seguidores de determinados canais dessa vertente, impactando em razão direta no aumento da monetização”, registra a PF.

Em setembro, a imprensa noticiou mensagens trocadas por Allan dos Santos com o tenente-coronel Mauro Cesar Barbosa Cid, chefe da Ajudância de Ordem da Presidência e assessor do presidente Jair Bolsonaro, em que o blogueiro afirma que as Forças Armadas ‘precisam entrar urgentemente’ — a declaração teria sido enviada por WhatsApp um dia depois de grupos autodenominados antifascistas protestarem contra o governo, no final de maio do ano passado.

O blogueiro se manifestou nas redes sociais sobre o inquérito depois que a Procuradoria-Geral da República pediu o arquivamento da apuração em relação a parlamentares bolsonaristas por considerar que a Polícia Federal não conseguiu delimitar a investigação. “Os autos deste inquérito são provas de inúmeros crimes de abuso de autoridade cometidos por um membro da cúpula do Judiciário”, escreveu.