Dólar se valoriza e Bolsa recua após Paulo Guedes admitir “licença” para furar teto

Insatisfação do mercado financeiro ocorre após indicativos de rompimento do teto de gastos com pagamento do Auxílio Brasil

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

Após superar a marca de R$ 5,67 nos primeiros negócios desta quinta-feira (21), o dólar comercial reduziu a alta para R$ 5,63 (+1,27%), às 11h30min. No mesmo momento, o Ibovespa, principal índice do mercado acionário brasileiro desabava 1,8%, aos 108.783 pontos. Para turistas, a cotação da moeda norte-americana já supera R$ 6,20 nas casas de câmbio, cotação válida para as emissões no cartão-pré-pago. As vendas em espécie são realizadas por mais de R$ 5,80.

A movimentação ruim do mercado financeiro ocorreu após o ministro da Economia, Paulo Guedes, admitir, na noite desta quarta-feira (21), que sairá derrotado da batalha contra os planos de romper o teto de gastos com o pagamento do Auxílio Brasil, programa idealizado para substituir o Bolsa Família, no valor de R$ 400.

Guedes disse que o governo avalia se o benefício temporário que irá vitaminar o novo Bolsa Família será pago fora do teto, o que demandaria uma licença para um gasto de cerca de R$ 30 bilhões, ou se haverá opção por uma mudança na regra constitucional do teto de gastos para acomodá-lo. O ministro afirmou ainda que caberá ao relator da PEC dos Precatórios, deputado Hugo Motta (Republicanos-PB), viabilizar uma fórmula que garanta o pagamento de um benefício social em 2022 respeitando o arcabouço fiscal do Brasil.

A valorização do dólar ganhou força também com a ação do BC Banco Central de não anunciar a venda líquida de dólares nesta sessão — seja na forma de swap cambial, seja de moeda física —, mas dada a disparada do dólar agentes financeiros não descartam uma intervenção surpresa no mercado.

O movimento da moeda no exterior também não ajuda, em dia de queda das bolsas de valores e de moedas emergentes, em meio a renovados temores relacionados ao mercado imobiliário chinês. E dados de auxílio-desemprego nos EUA vieram melhores que o esperado, corroborando expectativas de corte de estímulos na economia norte-americana, o que teoricamente prejudicaria ativos de mercados emergentes, caso do real.