Nos anos 60, no interior,os bailes da gurizada de então eram sempre encerrados com uma clássica seleção de boleros : Perfídia, Solamente una vez,Tu me acostumbrastes,Quizás, quizás, quizáz, Aquellos ojos verdes, e claro, La Barca e El Reloj, anunciando a proximidade do fim do baile enquanto casais pediam: Detén el tiempo en tus manos, haz esta noche perpetua /para que nunca se vaya de mi/ para que nunca amanezca.
O autor de La Barca, El Reloj é o mexicano Roberto Cantoral, que faleceu em 2010 aos 75 anos de idade. A primeira gravação de El Reloj é de 1957 e desde então foi gravada por centenas de cantores. É uma das músicas mais conhecidas no mundo todo e muitíssima gente conhece a letra de cor.
Sempre achei El Reloj carregada de sofrimento, atormentada. Sabe-se que Cantoral escreveu a canção num hospital, onde sua mulher estava internada e seria operada nas primeiras horas da manhã. Os médicos haviam lhe dito que o quadro era extremamente grave e havia poucas chances de sucesso na cirurgia. Reparem na letra:
Reloj, no marques las horas
porque voy a enloquecer,
ella se irá para siempre
cuando amanezca otra vez.
No más nos queda esta noche
para vivir nuestro amor,
y tu tic-tac me recuerda
mi irremediable dolor.
Reloj, detén tu caminho
porque mi vida se apaga,
ella es la estrella que alumbra mi ser
yo sin su amor no soy nada.
Detén el tiempo en tus manos,
hace esta noche perpetua,
para que nunca se vaya de mí,
para que nunca amanezca.
Realmente,a melodia casa com a letra com perfeição e o resultado é uma canção carregada de emoção e contam que no Hospital de Beneficência Espanõla de Tampico,onde a esposa de Cantoral se encontrava,havia um grande relógio na parede. O fato é que El Reloj relata a angústia e a dor de um homem apaixonado, não querendo perder a amada para a doença.
Existe essa e outra versão de que El Reloj foi composto em 1956, numa excursão aos EUA do Trio Los Caballeros, do qual o compositor, então com 21 anos, participava. Uma canção romântica,simplesmente, que Los Caballeros gravaram no ano seguinte.
Neste caso, ficamos com esta lenda urbana ou não,mas que é muito mais emocionante e poética.
