Menos da metade dos moradores em situação de rua recebeu duas doses da vacina em Porto Alegre

Prefeitura de Porto Alegre pretende imunizar de 2.674 moradores de rua contra a Covid-19

Foto: Alina Souza/CP

A Prefeitura de Porto Alegre pretende vacinar 2.674 moradores de rua contra a Covid-19. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) imunizou com as duas doses da vacina, até agora, 963 pessoas nessa condição, ou seja, menos da metade.

O número de vacinados com a primeira dose é de 1.799 pessoas, nessa parcela do público-alvo. A situação não é simples como pode parecer, em um primeiro momento, e nem todos querem receber a imunização. “A maior dificuldade é convencer que a Covid é uma ameaça à vida”, relata a SMS, em nota. A pasta lembra que, para esse público, a luta diária é para sobreviver à fome e aos mais variados tipos de violência na rua.

Alguns ainda não foram vacinados por falta de documentação, como é o caso de Leandro de Oliveira Leonadas, de 43 anos. “Não pude ser vacinado na Unidade de Saúde Santa Marta, pois não tenho carteira de identidade”, contou. Ele vive nessa situação desde que se separou da esposa, 15 anos atrás. “Pretendo ainda receber a vacina”, disse, ao revelar que ainda não se contaminou.

As equipes de assistência e abordagem social, os abrigos e os Centros de Referência Especializados para População em Situação de Rua (Centros POPs) fazem o trabalho de educação para a saúde desse público. Apesar desse esforço coletivo, não é difícil flagrar moradores de rua sem máscaras nas ruas, o que representa um risco maior de infecção.

A pessoa que vive em situação de rua chega até essa realidade pelos mais diversos fatores. Uso de álcool ou substâncias psicoativas, desorganização familiar, desestruturação da família em razão do desemprego e questões de saúde mental são alguns dos motivos mais comuns. Antes, alguns conseguiam pagar um aluguel modesto, o que agora está mais difícil.

“A parceria com o Sistema Único de Saúde (SUS) e o Sistema Único de Assistência Social (SUAS) foi fundamental para alcançar o direito à vacinação, para uma população que, muitas vezes por dificuldades ao acesso a serviços de saúde e assistência, se expõe mais aos riscos, impactos e complicações ocasionados pela doença”, avalia a presidente da Fundação de Assistência Social e Cidadania (FASC), Cátia Lara Martins.

Não há dados sobre óbitos entre essa parcela da população. “Pois não é notificada a condição ‘em situação de rua’ junto com a causa da morte”, esclarece a SMS.

*Com informações do repórter André Malinoski/Correio do Povo