Contrariando dados, Bolsonaro reitera que não vai se vacinar

Presidente vai contra o discurso do próprio ministro da Saúde, que vem incentivando a vacinação para o fim da pandemia

Foto: Marcos Corrêa/PR

O presidente Jair Bolsonaro voltou a afirmar, nesta quarta-feira, que não vai tomar a vacina contra a Covid-19. Nas últimas semanas, o país vem registrando queda nos óbitos em decorrência da doença com a ampliação da vacinação.

Durante o feriado prolongado de 12 de outubro, o país chegou à menor média móvel de mortes desde novembro de 2020. De acordo com o levantamento do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) divulgado nesta terça, foram 367 óbitos na média móvel dos últimos sete dias. Desde o início da pandemia, 601.398 morreram em razão da Covid-19.

Mesmo com a relação da queda do número de mortes e o avanço da vacinação, o presidente afirmou, em entrevista à rádio Jovem Pan, nesta terça, que está decidido a não tomar vacina, alegando direito à liberdade. “Para mim, a liberdade acima de tudo. Se o cidadão não quer tomar a vacina, é um direito dele e ponto final.” Bolsonaro disse, sem citar fontes, que a “imunização” dele está alta, e comparou a vacina a uma loteria.

A fala de Bolsonaro contraria o discurso do ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. Na semana passada, ao anunciar o planejamento da vacinação contra a Covid para 2022, Queiroga ressaltou a importância da campanha. “Vacinar a população contra a Covid-19, além de salvar vidas, é muito custo-efetivo para o nosso sistema de saúde,” afirmou.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm), o avanço da vacinação é o que explica a desaceleração do número de mortes e casos de Covid-19 nos últimos meses. “Estamos com números decrescentes graças à vacinação de cerca de 2 milhões de pessoas por dia e à adesão da população à campanha”, apontou a diretora da SBIm, Monica Levi.

De acordo com dados do Ministério da Saúde, mais de 93% do público-alvo já tomou a primeira dose e 61% completou o esquema vacinal. Durante o feriado de 12 de outubro, Bolsonaro recebeu mais uma multa, dessa vez de R$ 500, por circular sem máscara pelo município de Peruíbe, no litoral paulista. Ele também não conseguiu assistir presencialmente ao jogo do Santos e Grêmio, que exigia a carteira vacinal para o acesso do público.