Jornalistas levam Nobel da Paz por preservar liberdade de expressão

Maria Ressa e Dmitry Muratov são vozes defensoras da democracia e contrárias ao abuso de poder, mentiras e propaganda de guerra

FOTO: NIKAS ELMEHED/DIVULGAÇÃO

A Real Academia de Ciências da Suécia concedeu nesta sexta-feira (8) o Prêmio Nobel da Paz aos jornalistas Maria Ressa e Dmitry Muratov por seus esforços para defender a liberdade de expressão e a democracia nas Filipinas e na Rússia.

“O Comitê Norueguês do Nobel está convencido de que a liberdade de expressão e a liberdade de imprensa ajudam a garantir um público informado”, destaca o colegiado ao citar que o jornalismo gratuito, independente e baseado em fatos “serve para proteger contra o abuso de poder, mentiras e propaganda de guerra” em um mundo com condições cada vez mais adversas.

Presidente do site de notícias Rappler, Maria Ressa chamou a atenção da academia norueguesa ao denunciar a polêmica e assassina campanha antidrogas do regime do presidente das Filipinas, Rodrigo Duterte. “A premiada usa a liberdade de expressão para expor o abuso de poder, o uso da violência e o crescente autoritarismo em seu país natal”, aponta o comitê.

Muratov, editor-chefe e fundador do jornal russo Novaya Gazeta, por sua vez, foi lembrado por se recusou a abandonar a política independente do jornal mesmo após a morte de seis jornalistas da publicação. “O jornalismo baseado em fatos tornou o Novaja Gazeta uma importante fonte de informações sobre aspectos censuráveis da sociedade russa raramente mencionados por outros meios de comunicação”, destaca a academia norueguesa.

Concedido há mais de um século, o Prêmio Nobel oferece valor equivalente a R$ 6,2 milhões (10 milhões de coroas suecas) a seus vencedores. No ano passado, a condecoração ficou com o Programa Alimentar Mundial da ONU (Organização das Nações Unidas) pelos esforços do grupo durante a pandemia do novo coronavírus.

Premiados

Na edição deste ano, o Nobel de Medicina foi dado aos cientistas norte-americanos David Julius e Ardem Patapoutian por suas descobertas de receptores para temperatura e tato. Syukuro Manabe, Klaus Hasselmann e Giorgio Parisi vão dividir o Prêmio Nobel de Física por estudos sobre a compreensão de sistemas físicos complexos em pesquisas que preveem o aquecimento global.

Na área da química, os vencedores foram os cientistas Benjamin List e David W.C. MacMillan por seus estudos para o desenvolvimento de uma maneira mais fácil para a construção de moléculas, o que possibilitou a criação de novos produtos farmacêuticos e também “ajudou a tornar a química mais verde”.

O romancista tanzaniano Abdulrazak Gurnah foi consagrado com o Nobel de Literatura por suas obras que abordam os efeitos do colonialismo e o drama de refugiados no choque entre culturas e continentes.

Na próxima segunda-feira (11), será a vez de o comitê organizador do prêmio anunciar a pessoa ou a equipe vencedora do Nobel de Economia, categoria que encerra as condecorações.

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