Senador quer que Guedes explique offshore em paraíso fiscal

Alessandro Vieira protocolou pedido para que ministro vá à Comissão de Assuntos Econômicos, e solicitação será votada nesta terça

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

O senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) encaminhou um pedido de convocação para que o ministro da Economia, Paulo Guedes, explique à Comissão de Assuntos Econômicos do Senado (CAE) as razões e circunstâncias pra se manter uma offshore no exterior. O documento também solicita que o ministro informe se possui “outras empresas ou investimentos similares” em instituições financeiras no exterior. O pedido deve ser votado nesta terça-feira (5).

Na solicitação, o senador menciona “evidente conflito de interesses em potencial” no caso. O documento menciona que o ministro “responsável por toda política econômica do pais,  conscientemente decidiu manter a offshore, com volume vultoso de aplicações em dólares, moeda que oscila justamente por decisões da pasta da Fazenda”.

“O artigo 5º do Código de Conduta da Alta Administração Federal, instituído em 2000, proíbe funcionários do alto escalão de manter aplicações financeiras, no Brasil ou no exterior, passíveis de ser afetadas por políticas governamentais. A proibição não se refere a toda e qualquer política oficial, mas àquelas sobre as quais ‘a autoridade pública tenha informações privilegiadas, em razão do cargo ou função'”, diz um trecho do documento.

O nome do ministro foi citado na investigação conhecida como Pandora Papers, apuração de um consórcio internacional de jornalistas investigativos. Guedes seria dono de uma empresa offshore, a Dreadnoughts International, registrada nas Ilhas Virgens Britânicas. A empresa teria sido criada em 2014 e tem mais de US$ 9,5 milhões investidos.

Segundo a investigação, o ministro manteve a conta ativa mesmo depois de ingressar no governo, em 2019. Guedes pode ter lucrado mais de R$ 16 milhões com a desvalorização do real diante do dólar no governo de Jair Bolsonaro. A desvalorização do real durante o comando de Guedes no Ministério da Economia fez com que seu investimento, de R$ 35 milhões, em agosto de 2015, saltasse para R$ 51 milhões, apontam as investigações.

Pandora Papers

A investigação sobre offshores abertas em paraísos fiscais, como as Ilhas Virgens Britânicas, no Caribe, indica que o ministro da Economia, Paulo Guedes, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, possuem empresas e mantiveram seus negócios nesses locais mesmo depois de fazerem parte do governo federal, em 2019.

Guedes e Campos Neto disseram que os empreendimentos estão declarados na Receita Federal e negam irregularidades. A apuração teve a participação de 615 jornalistas de 149 veículos em 117 países. Entre as empresas envolvidas na apuração estão o jornal The Washington Post, a rede britânica BBC, a Radio France, o jornal alemão Die Zeit e a TV japonesa NHK.