O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, afirmou, em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, nesta quarta-feira, que a mãe dele, Regina Hang, já falecida, passou pelo “tratamento precoce”, mas não “preventivo”, após testar positivo para o coronavírus. Questionado sobre a diferença entre os dois procedimentos, o empresário disse que o “tratamento precoce é feito na fase inicial da doença, enquanto o tratamento preventivo é realizado antes do contato com o vírus”.
Para o relator da CPI, senador Renan Calheiros, a afirmação não corresponde com os dados do prontuário e da certidão de óbito da mãe do depoente, que indica que a paciente havia feito uso do “kit covid” antes de dar entrada em um hospital da operadora de saúde Prevent Senior. Para Renan, o caso caracteriza tentativa de “fraude” para não reconhecer que medicamentos sem eficácia comprovada não surtiram o efeito esperado.
Luciano Hang afirmou, então, que o diagnóstico de Regina saiu em 28 de dezembro de 2020 e que, até 1º de janeiro de 2021, ela recebeu o “tratamento precoce”. Como a situação da paciente, que era cardíaca e diabética, piorou – com 95% do pulmão comprometido -, Hang decidiu aceitar a sugestão de amigos e internar a mãe em um hospital da Prevent Senior.
Ao responder sobre uma suposta omissão no atestado de óbito da mãe, que não cita o coronavírus, Luciano Hang apresentou à CPI um documento emitido pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. Nele, consta que Regina Hang internou-se em 1º de janeiro com a doença e “saiu da instituição, em 3 de fevereiro” (dia em que faleceu), também com Covid-19. Segundo o empresário, o atestado de óbito, preenchido por um plantonista, acabou sendo corrigido, no dia seguinte, após uma reunião da comissão de médicos da instituição.
“Não vejo o interesse do hospital de mentir sobre a morte de minha mãe. Qual era o motivo, se eu já havia dito publicamente que era estava internada e estava com Covid? Ainda fiz uma live explicando e lamentando o fato de ela não ter feito o tratamento preventivo”, afirmou Hang. Para o relator da CPI, Renan Calheiros, a ocultação da doença entre as causas da morte de Regina serviu para não prejudicar a Prevent Senior, que na época fazia experiências com o “tratamento precoce”, ministrado à idosa.
Após um dossiê contra a operadora entregue à comissão, os senadores identificaram o que entendem ser uma suposta falsificação no atestado de óbito de Regina Hang. Hoje, o empresário disse que ficou sabendo “através da CPI” que tanto o atestado de óbito quanto o prontuário da mãe dele não faziam menção à Covid. Hang justificou que é leigo e não sabe o que é preciso constar nesse tipo de documento.