O empresário Luciano Hang, dono da rede de lojas Havan, encerrou, perto das 17h desta quarta-feira, o depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, no Senado Federal. Após a exibição de um vídeo publicado por ele em redes sociais, no qual apela ao presidente da República, Jair Bolsonaro, para liberar, através de decreto, a aquisição de vacinas pelo setor privado, o empresário negou ter qualquer influência nas negociações entre o Ministério da Saúde e os fornecedores de imunizante.
Questionado pelo relator da comissão, o senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o parentesco com outro empresário – Alan Eccel, identificado como sobrinho do depoente e consultor de serviços de importação para a Havan -, Hang afirmou que ele era “voluntário para conseguir vacina em qualquer parte do mundo para que a gente [Havan] pudesse comprar e doar 50% para o SUS”.
Luciano Hang também garantiu ter provas de que o sobrinho não esteve em reunião com o líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR), para compra da vacina CanSino junto à empresa Belcher Farmacêntica. Ele também negou participação na aproximação da empresa com o governo federal.
O empresário esclareceu ainda que conhece o deputado federal Ricardo Barros, mas que não mantém relação de amizade com o político. Hang admitiu, no entanto, que esteve com Barros, o senador Jorginho Mello (PL-SC), apoiador do governo, e outros parlamentares, na manhã de hoje, antes de prestar depoimento à CPI.
Sobre o patrocínio ao programa TrateCov, lançado pelo governo federal em janeiro deste ano, o empresário catarinense negou qualquer envolvimento com a plataforma – intelectual ou econômico. O aplicativo, desenvolvido pelo Ministério da Saúde, era usado para a prescrição de medicamentos do “tratamento precoce” contra a Covid-19. Hang admitiu, no entanto, ter realizado “entrevistas nas suas redes sociais” com as médicas Helen Brandão e Luciana Cruz, que participaram do lançamento do programa no Amazonas.
Ao responder ao relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL), sobre o financiamento de atos antidemocráticos, como as motociatas que aconteceram nos últimos meses com a participação do presidente Jair Bolsonaro ou os atos realizados em todo país, em 7 de setembro, Hang negou qualquer incentivo financeiro ou envolvimento com as ações. Ele também disse que não financiou atos favoráveis ao governo Bolsonaro e que nunca se reuniu com o presidente da República para tratar da pandemia de Covid-19.
Hang disse que a única ajuda que deu ao político, ainda em 2018, envolveu publicações em redes redes sociais a favor do então candidato Jair Bolsonaro através de “impulsionamento pago”. Ele declarou que, na época, não sabia que isso era proibido.
Hang esclareceu que, diante de advertência do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), excluiu as postagens e pagou multa. “Pagamos o preço por isso, pagamos à Justiça, e, daí em diante, cuidamos com todo o zelo para que nada fosse feito errado”, garantiu. O empresário negou, contudo, ter impulsionado mensagens no WhatsApp.
* Com informações da Agência Senado