Pedidos de seguro-desemprego voltam a subir em agosto

Foram registrados 493.801 requerimentos, um aumento de 6,4% em relação ao mesmo mês do ano passado

Foto: Marcello Casal/Agência Brasil

O número de pedidos de seguro-desemprego voltou a subir em agosto deste ano. Foram registrados 493.801 requerimentos, um aumento de 6,4% em relação ao mesmo mês do ano passado, em que houve 463.834 solicitações.

No acumulado dos primeiros oito meses do ano, porém, houve uma queda de 17,6%. De janeiro a agosto de 2020, período marcado pelo início da pandemia do coronavírus, foram registrados 4,9 milhões de pedidos ante 4,1 milhões nos primeiros oito meses de 2021.

Agosto também foi o último mês em que vigorou o BEm (Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda), que permitiu que empresas firmassem acordos de redução de jornada e salário ou de suspensão de contratos de trabalho. Foram beneficiados 10 milhões de trabalhadores no ano passado e 2,5 milhões neste ano.

No entanto, não é possível ainda atribuir o crescimento do número de pedidos ao fim do programa. De acordo com o economista Hélio Zylberstajn, professor sênior da FEA-USP e coordenador do Projeto Salariômetro, os pedidos de seguro-desemprego em agosto foram feitos por trabalhadores demitidos em julho ou antes, quando o programa ainda estava em vigor e podia ser utilizado.

“As empresas que demitiram provavelmente não esperam uma retomada em breve para desligar seus empregados, porque, se usassem o programa, teriam que manter os empregados por um período igual ao da duração da suspensão ou redução da jornada e salário”, explica Zylberstajn. Para ele, o crescimento no número de pedidos do seguro-desemprego foi causado pelo agravamento da crise na economia, “que está andando de lado nos últimos meses”.

Pré-pandemia

O recorde foi em maio do ano passado, com 960.308 pedidos, a maior marca da série histórica. Em junho deste ano, foram 483.233, retomando o patamar pré-pandemia. Os números são divulgados pelo Painel de Informações do Seguro-Desemprego, da Secretaria Especial de Previdência e Trabalho, do Ministério da Economia.

O Ministério do Trabalho e Previdência afirma que os dados mensais de pedidos de seguro-desemprego evidenciam a quantidade de solicitantes no mês  e que o trabalhador pode dar entrada na sua solicitação entre 7 e 120 dias a partir da data da dispensa.

Segundo a pasta, o comportamento dos meses de agosto nos anos de 2020 e 2021 tem relação direta com a implementação do Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda, cujo foco principal pretendeu atenuar os efeitos da pandemia de Covid-19.

“Considerando as solicitações de seguro-desemprego no mês de agosto dos últimos cinco anos, agosto dos dois últimos anos (2020 e 2021) apresentaram os menores números. O terceiro menor número da série foi agosto de 2018 (567.067), o quarto foi agosto de 2019 (574.765). Em agosto de 2017 foram 603.911 solicitações”, afirmou em nota o ministério.

Segunda onda

Para Josilmar Cordenonssi, professor de Economia da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como 2020 foi um ano atípico, é difícil fazer comparações. Ele explica que o pico foi registrado em maio de 2020, quando houve quase 1 milhão de pedidos de seguro-desemprego, o que não se repetiu neste ano. Depois, o número caiu e, em 2021, começou a subir de modo tímido e se estabilizou.

“Acredito que a segunda onda de Covid-19 atrapalhou muita gente que pretendia contratar. Após um aumento em março deste ano, em termos de tendência, está menor que em 2019, por exemplo, no período pré-pandemia”, avalia Cordenonssi.

O economista prevê que, com o avanço da vacinação, vai aumentar a oferta de empregos, principalmente com o setor de serviços voltando com mais força, em especial o turismo. “Mas isso não vai se refletir nas estatísticas de desemprego, porque a gente vai passar por um momento de mais vagas a ser ofertadas e mais pessoas vão começar a procurar.”

Segundo os últimos dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o desemprego recuou e fechou o trimestre encerrado em junho em 14,1%. O valor, 0,5 ponto percentual inferior ao registrado nos três meses anteriores, indica que 14,4 milhões de pessoas estavam fora do mercado de trabalho no fim do primeiro semestre.

Os números atualizados da PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) serão divulgados nesta semana. Já o Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados) mostrou a criação de 1,8 milhão de vagas nos sete primeiros meses deste ano.