Vereador de Porto Alegre cogita deixar o PT após votação do Código Eleitoral

Policial civil, Leonel Radde lamentou posição de colegas de partido que foram favoráveis à quarentena para policiais e juízes

Proposta é de autoria do vereador Leonel Radde (PT) | Foto: Ederson Nunes/CMPA

A votação do novo Código Eleitoral na Câmara dos Deputados, na noite de quarta-feira, repercutiu internamente na bancada do PT em Porto Alegre. Com o apoio de lideranças petistas, os deputados federais aprovaram emenda, de autoria da base governista, que determina que juízes e policiais que queiram se candidatar tenham de cumprir um período de quarentena. Policial civil e representante da categoria, o vereador Leonel Radde (PT), no Twitter, mostrou forte descontentamento com a posição e afirmou que vai repensar a permanência dentro do partido.

A matéria determina que membros do Ministério Público, policiais federais, rodoviários federais, policiais civis, guardas municipais, militares e policiais militares que queiram concorrer terão que estar, pelo menos quatro anos antes do pleito, desligados dessas funções. Agora, o projeto vai ser rediscutido no Senado. Como policial civil, Radde é diretamente afetado.

A fim de conseguir um posicionamento oficial da sigla, o vereador deve ir a Brasília, na próxima terça-feira, para conversar com lideranças petistas no Congresso, e solicitar que o partido reconheça formalmente essa posição. “Espero que seja a postura de alguns membros. Mas é uma grande derrota pra mim e para os trabalhadores (policiais civis)”, avaliou.

Radde tentou contato com deputados do PT que votaram favoráveis à emenda, mas não recebeu resposta. “Não tem pra onde correr. Dentro do partido não te querem, fora do partido, na corporação, tu vai ser comido. É muita desconsideração”, lamentou. Para ele, a emenda pode ser classificada como um “cavalo de troia que a esquerda comprou”.

O vereador disse ainda que, desde que expôs esse posicionamento, vem recebendo ataques. Ao mesmo tempo, ressaltou que é direito da categoria ser representada dentro da política. “Policial apanha dentro da corporação (por ser filiado a um partido da esquerda) e apanha fora por ser policial”, lamenta.

Com a situação, Radde não descarta a possibilidade de sair do partido, mas garante que vai terminar o mandato. “Eu provavelmente vá terminar o mandato, mas volto para a minha função, para a base”. Filiado ao PT desde 1999, o vereador se elegeu pela primeira vez em 2020.

Na Câmara de Vereadores, o assunto deve ser discutido em reunião da bancada na próxima quarta. “Temos que esgotar estas discussões primeiro internamente na busca da unidade”, disse o líder da bancada, vereador Aldacir Oliboni.