Na CPI, Aziz chama ministro da CGU de “prevaricador”

Para senadores, Wagner Rosário tinha conhecimento de supostas ilegalidades no Ministério da Saúde desde outubro de 2020

Wagner Rosário, ministro da Transparência e Controladoria Geral da União (CGU). Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Após a apresentação, na sessão desta quarta-feira, de mensagens trocadas entre investigados da CPI da Covid-19 mostrando indícios claros de favorecimento e corrupção, o presidente da Comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM), chamou o ministro da Controladoria-Geral da União, Wagner Rosário, de “prevaricador”. O parlamentar acusou o chefe da CGU de omissão diante das eventuais irregularidades apuradas pelo Ministério do Saúde.

Em uma das mensagens destacadas em meio ao material obtido pela comissão e apresentado hoje, os interlocutores discutem a construção de uma “arquitetura ideal para prosseguir” no processo de compra dos testes de Covid. A dupla combina um “passo a passo” para encaminhar a negociação da Precisa Medicamentos com a pasta com a revisão de “Bob”. Como sugerem outros registros e mensagens, “Bob” era o apelido usado para Roberto Pereira Dias, ex-diretor de logística do Ministério da Saúde e também investigado pela CPI. Essa troca de mensagens é atribuída ao dono da Precisa, Francisco Emerson Maximiano, e a Marconny Albernaz de Faria, suposto lobista da empresa nas negociações com a pasta e depoente da CPI nesta quarta.

Aziz afirmou que agentes da Controladoria-Geral da União estiveram na casa de Marconny juntamente com policiais, “levaram farto material, mas não tomaram providência”. “Não tomaram providência com o Roberto Dias. O Roberto Dias continuou lá negociando vacina, pedindo propina”, reforçou. Apoiado pelos colegas, o presidente da Comissão afirmou que vai pedir que Rosário deponha à comissão.

De acordo com Aziz, Rosário tinha conhecimento de supostas ilegalidades praticadas pelo ex-diretor de logística do MS desde outubro de 2020. No entanto, não tomou as providências necessárias para afastá-lo do cargo ou interromper o eventual esquema de corrupção.

O vice-presidente da CPI, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), explicou que o ministro deve falar na condição de investigado. A convocação de Wagner Rosário havia sido aprovada pela comissão em 10 de junho, mas não chegou a ser marcada.