Instalada na Câmara de Porto Alegre Frente Parlamentar em defesa da meia passagem

Secretário de Mobilidade Urbana disse não ver sentido no movimento; vereadores dizem que visão da Prefeitura é distorcida

Foto: Ricardo Giusti / CP

Vereadores de Porto Alegre criaram, nesta terça-feira, a Frente Parlamentar em Defesa do Meio Passe Estudantil. Conforme a presidente do colegiado, vereadora Bruna Rodrigues (PC do B), o principal objetivo é dialogar com o Executivo, buscando alternativas que não prejudiquem os estudantes da cidade.

Já a Prefeitura alega que é preciso resolver a crise do transporte coletivo, agravada pela pandemia de coronavírus. Na visão do Paço Municipal, algumas isenções devem ser alteradas para que o preço do serviço possa diminuir. A expectativa é de que o projeto que altera o meio passe seja enviado para votação ainda em setembro.

Conforme o Executivo, para os estudantes de baixa renda, a proposta é que haja 100% de isenção na primeira e na segunda passagem no ensino fundamental e isenção de 75% na primeira passagem e de 100% na segunda passagem no ensino médio. Para os estudantes de baixa renda do ensino superior, o projeto propõe 50% de isenção na primeira e na segunda passagens.

O secretário de Mobilidade Urbana, Luiz Fernando Záchia, explica que a proposta vai aumentar o benefício dos estudantes de baixa renda, podendo chegar até 100% de isenção em algumas situações. Ele também justificou que parte dos estudantes não necessita do auxílio. “Não entendo esse movimento. O projeto vai beneficiar os estudantes. Parece que a ideia desse movimento é defender o estudante rico. A nossa proposta é para ajudar o estudante pobre e médio, que precisa de gratuidade, esse sim está sendo beneficiado com o projeto”, detalhou.

Já os proponentes da Frente dizem que, diante da possibilidade de retirada do meio passe estudantil, é preciso buscar o diálogo e a articulação com a sociedade. Para o grupo, o pagamento integral da passagem vai gerar evasão escolar sem garantir a qualidade do transporte ou a redução da tarifa paga pelo usuário.

A vereadora Bruna Rodrigues explica que o estudante descrito pela Prefeitura não utiliza o transporte público para se deslocar até os locais de estudo. “O aluno que utiliza o transporte coletivo é aquele que sai da comunidade, que vai pra universidade. O perfil descrito pelo prefeito é daquele estudante de Medicina, que não utiliza o transporte público. Quem vai ser impactado é o estudante trabalhador, filho de trabalhador, que vai acabar perdendo o acesso à universidade”, destacou.