À CPI, Tolentino nega participação em negociações da Covaxin

Senadores apontam que empresário é sócio oculto de empresa que garantiu contrato da Precisa Medicamentos

Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia (CPIPANDEMIA) realiza oitiva do advogado apontado como sócio oculto da empresa FIB Bank, que forneceu à Precisa Medicamentos uma garantia irregular no negócio de compra da vacina indiana Covaxin pelo Ministério da Saúde. (Foto: Pedro França / Agência Senado)

Em depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19, o advogado e empresário Marcos Tolentino, presidente da rede de televisão Rede Brasil, negou ter atuado nas negociações da vacina contra covid-19 Covaxin, do laboratório indiano Bharat Biotech. A Precisa Medicamentos firmou um contrato de venda de 20 milhões de doses da vacina ao governo federal e a empresa FIB Bank deu uma garantia ao contrato de R$ 80,7 milhões.

O advogado afirmou que ainda traz sequelas da Covid-19: “Estava totalmente fora de quaisquer atividades profissionais, sociais, o que impossibilitaria qualquer participação ou interferência no ato ou acontecimento correspondente à compra ou negociação da vacina Covaxin”, justificou.

Os senadores apontam que Tolentino é sócio oculto da FIB Bank, o que ele nega. Ele é amigo do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR) e foi à CPI no dia do depoimento de Barros, no mês passado. “Se trata de um conhecido há muitos anos, desde que eu morei em Curitiba e que residi na cidade lá, sendo que, até hoje, mantenho com ele vínculo de respeito e amizade”, afirmou Tolentino à comissão.

Como já revelado na CPI, a relação do advogado envolve empresárias sócias da FIB Bank. À comissão, o presidente da empresa, Roberto Pereira Ramos Júnior, disse que Tolentino é procurador de uma das empresas que compõem o capital social da FIB Bank, a Pico do Juazeiro.

O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB-AL), afirmou que, em 2011, ele recebeu uma procuração que dá “poderes amplos e especiais a Tolentino, em caráter irrevogável e irretratável” para representar o sócio Benetti “na qualidade de cotista da empresa Pico do Juazeiro”. A procuração foi apresentada por Calheiros durante a oitiva.

“Não existe, no direito brasileiro, uma procuração com poderes irreversíveis para vender e comprar e sem dar prestação de contas. Há cartórios no Brasil que não aceitam esse tipo de procuração, porque isso caracteriza e crava, de acordo com a jurisprudência, que a pessoa passa a ser proprietária. Então, a partir do momento em que Pico do Juazeiro entregou para ele uma procuração com poderes absolutos, irreversíveis, sem precisar prestação de contas, ele está dizendo o seguinte: ‘Toma, que o filho é seu’”, afirmou a senadora Simone Tebet (MDB-MS).

Além disso, o endereço da empresa MB Guassu, outra sócia da FIB Bank, é o mesmo endereço de Tolentino em São Paulo. Quando questionado sobre as empresas que se relacionam com a FIB Bank, ou quem é o dono da empresa, o advogado recorreu ao direito de permanecer em silêncio para não se autoincriminar.

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