Queiroga critica uso obrigatório de máscara: “falta conscientização”

Ministro da Saúde contraria ciência ao minimizar importância do equipamento como medida proteção contra a Covid-19

Foto: Walterson Rosa / Ministério da Saúde

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quarta-feira ser contra o uso obrigatório da máscara como medida de proteção à Covid-19. Queiroga disse, em entrevista ao canal bolsonarista Terça Livre, que também é contrário à aplicação de multas a quem não usa o equipamento. Ao longo da pandemia, estudos científicos apontaram a eficácia da proteção facial como estratégia contra o contágio. As informações foram publicadas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

“Nós somos contra essa questão de obrigatoriedade (do uso de máscara). O Brasil é um país que tem muitas leis e que as pessoas, infelizmente, não as observam. O uso da máscara tem de ser um ato de conscientização”, disse. “Não têm sentido essas multas. Não se pode criar uma ‘indústria de multa’. Imagina, estão multando as pessoas porque não estão com máscara. Se está precisando fazer isso, é porque não estamos sendo eficientes em conscientizar a população sobre o uso desse equipamento de proteção individual”, acrescentou.

Também segundo os estudos, a máscara é importante tanto para quem usa quanto para quem está ao redor. Desde o início da pandemia, o presidente Jair Bolsonaro promove aglomerações e, rotineiramente, não usa a proteção no rosto. O presidente já recebeu mais de uma multa, em São Paulo, pela falta do equipamento.

Nessa terça, a subprocuradora-geral da República Lindôra Araújo informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que não vê crime no fato de Bolsonaro sair sem máscara e causar aglomeração em eventos públicos durante a pandemia. Segundo Lindôra, não é possível confirmar a ‘exata eficácia da máscara de proteção como meio de prevenir a propagação do novo coronavírus’, o que na avaliação dela impede o enquadramento do presidente pelo crime de infração a medida sanitária preventiva.

O posicionamento da subprocuradora contraria a comunidade científica, que já atestou a importância do equipamento de proteção individual como medida preventiva central para frear o contágio pelo novo coronavírus.

Em junho, Bolsonaro relatou ter pedido a Queiroga um parecer para desobrigar uso de máscara a vacinados e quem já se infectou. O ministro da Saúde, que usa máscara rotineiramente, disse, na ocasião, que o presidente queria instigar as pesquisas.

Ao Terça Livre, o ministro abordou ainda temas como a volta às aulas. Queiroga declarou que falta de vacina para professores não é justificativa para as aulas presenciais não voltarem. “Vamos trabalhar forte para imunizar a nossa população, acabar com essa pandemia, retomar a nossa economia, fazer com que os nossos alunos voltem às salas de aulas. Não justifica aluno fora da sala de aula. ‘Ah, porque o professor não vacinou’. Isso não e justificativa. Daqui a pouco quer que o avô do professor se vacine”, disse. Posição similar já havia sido adotada pelo ministro da Educação, Milton Ribeiro.