Bombeiros refazem trajeto de mãe que confessou ter jogado o filho no rio Tramandaí

Buscas completaram sete dias nesta quarta-feira

Foto: Renato Dias/Correio do Imbé/Reprodução

O Corpo de Bombeiros reconstituiu, na tarde desta quarta-feira, o percurso que a mãe do menino Miguel disse ter realizado para se desfazer do corpo dele, no litoral Norte, após ter confessado à Polícia que sedou o filho até morte e o jogou acorrentado no rio Tramandaí.

De acordo com o comandante do Corpo de Bombeiros de Tramandaí, tenente Elísio Lucrécio, a varredura por terra também ocorreu, já que há suspeita de que a mulher tenha largado o filho em um terreno baldio. A polícia lembra que não havia como a mulher chegar ao rio sem atravessar o bairro inteiro.

“Nós estamos nas ruas, fazendo buscas em terrenos baldios, casas abandonados, onde possam ter churrasqueiras, uma fossa, um buraco, ou algum terreno que possa ter tido alguma movimentação na terra”, relatou o tenente.

 Mesmo assim, segundo o bombeiro, nenhuma hipótese sobre o paradeiro do corpo do menino pode ser considerada descartada.

“Há a hipótese de ele ainda estar na lagoa, há hipótese de ele ainda estar no rio, e há a hipótese de ele estar no mar. Por que? Porque na região o rio vaza e ele enche. Então, as movimentações das águas são constantes. Tipo agora à tarde, ele chegou a ficar bem raso e encheu de novo. Por isso que as nossas buscas são contínuas e permanentes”, completou Lucrécio.

As buscas, que chegaram ao sétimo dia nesta quarta, também vêm sendo realizadas com o auxílio de drones e de unidades dos bombeiros de Capão da Canoa e Torres, nas respectivas orlas, além da Marinha do Brasil e pescadores da região.

Peritos e técnicos de criminalística do Instituto-Geral de Perícias (IGP) também refizeram o caminho em busca de vestígios nesta quarta. Além disso, a mala que a mulher disse ter usado para transportar o corpo vai ser periciada.

Investigações

Na terça à noite, a Polícia Civil apreendeu uma corrente e um caderno durante uma ação em dois imóveis, onde viveram a mãe e a companheira com o menino Miguel, em Imbé, no litoral. O Instituto-Geral de Perícias também esteve nos locais para coletar vestígios, sangue e material genético, além de objetos, entre outros, pertinentes à investigação.  No local, os peritos utilizaram um reagente, com o objetivo de identificar vestígios não visíveis.

Nas anotações no caderno consta um cruel “exercício” com a criança, de sete anos, que era obrigada a escrever frases autodepreciativas e de baixa autoestima, copiando as mesmas inscrições deixadas pela mãe ou pela companheira em uma das páginas.

Os policiais civis presumem também que a corrente apreendida era utilizada para prender a criança, que vivia praticamente dentro de um armário, sendo agredida fisicamente e psicologicamente.

A mãe, de 26 anos, com prisão preventiva, e a companheira, de 23 anos, com prisão temporária, seguem recolhidas na Penitenciária Feminina de Guaíba, desde a última terça.

Frases

“Eu sou um idiota”, “Não mereço a mamãe que tenho”, “Eu sou ladrão”, “Eu sou ruim”, “Eu sou cruel”, “Eu sou malvado”, “Eu não presto”, “Eu não sei valorizar ninguém” e “Eu sou um filho horrível” foram algumas das frases redigidas pela vítima no caderno encontrado nessa terça-feira.

Foto: Polícia Civil / Divulgação / CP