Com triagem clínica e testagem de público, Porto Alegre realiza primeiro evento teste

Festa realizada na Casa NTX foi elaborada em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde

Foto: Fabiano do Amaral / CP

Um sentimento de alegria por reencontrar amigos em uma festa marcou o primeiro evento teste do setor de entretenimento noturno realizado neste domingo, em Porto Alegre. Antes de ingressar na casa de eventos, localizada na avenida das Indústrias, no bairro Anchieta, centenas de pessoas encararam mais uma rodada de testes contra o novo coronavírus – no sábado todos que adquiriram ingresso já haviam feito teste. O acesso ao local só era permitido com resultado negativo no exame.

Uma tenda para triagem clínica e testagem do público foi montada do lado de fora da entrada do local. Depois de preencher um cadastra e fazer o teste, as pessoas esperavam o resultado sentados em cadeiras dispostas com um metro de distanciamento entre cada uma. Grupos de amigos aguardavam ansiosos pelo exame. Apesar da promessa de diagnóstico em 20 minutos, em alguns casos as pessoas aguardaram até 50 minutos para obter o resulto, disponibilizado por um aplicativo.

Estudante de Engenharia Civil, Brenda Monteiro Paulo, 25, diz que valeu a pena fazer os exames. “Esperei bastante tempo (para voltar a frequentar festas). Acho que vai ser bem legal até para as pessoas avaliarem o setor do ramo de eventos, que precisa voltar”, afirma. Com os dois testes negativos, ela chegou cedo para o evento – que começou às 16h – e na companhia das amigas Júlia Agostini e Bruna Razan. “Fiz o teste ontem e hoje. Ambos negativos. Vale a pena esse esforço todo”, explica.

O incômodo provocado pelo teste realizado com cotonete no nariz era motivo das rodas de conversas entre amigos. O empresário Tiago Fagundes, 42, que é de Pelotas, foi ao evento com dois objetivos: aproveitar a festa e verificar quais os protocolos adotados no local. “Lido com evento há muitos anos, e vamos realizar alguns eventos em Uruguaiana. Vim para ver como está este retorno com segurança, o objetivo é levar todas as ideias para a nossa cidade”, assinala.

Conforme Fagundes, o setor de entretenimento foi um dos mais afetados pela pandemia da Covid-19. Ontem (sábado) foram centenas de pessoas testadas. Acho que tem tudo para dar certo e nos mostrar que o retorno é possível. O entretenimento brasileiro foi o que mais sofreu em todo Brasil. A gente espera que esse retorno seja o mais rápido possível”, observa.

Desenvolvida em parceria com a Secretaria Estadual de Saúde (SES) e a Vigilância Sanitária, a festa realizada na Casa NTX, que tem capacidade para até 2 mil pessoas, tinha previsão de receber 567 pessoas – todas testaram negativo no sábado. Outras nove testaram positivo e não puderam participar do evento. Gerente da unidade de Vigilância Sanitária da SMS, Paula Marques Rivas afirma que o objetivo é monitorar o protocolo sanitário apresentado pelos organizadores do evento, como distanciamento e disponibilização de álcool em gel.

Ela explica que a partir desse evento vai ser possível avaliar o impacto das medidas adotadas. “A gente vai ter uma boa fotografia de quanto esse tipo de evento, ou a liberação ou a proibição, pode ter impacto na nossa situação hoje. É uma pergunta que a gente não consegue responder agora”, assinala. “Vamos observar o uso de máscara ali dentro. O uso da máscara é essencial nesse momento, com testagem ou sem testagem. A gente vai avaliar caso a caso como que isso vai estar acontecendo ali dentro, principalmente o distanciamento”, completa.

Paula salienta que a liberação de eventos desse porte depende uma série de fatores. “Não depende só de uma questão do evento em si, depende de uma situação epidemiológica, do avanço da vacina, do aumento ou redução de casos, são fatores interligados. A gente não consegue avaliar separadamente”, pontua, acrescentando que é preciso cruzar outras informações para adotar medidas mais ‘permissivas ou restritivas’. Um dos organizadores do evento, Marcos Paulo Magalhães explica que 600 ingressos foram colocados à venda.

Magalhães afirma que 23 pessoas compraram tíquete mas não compareceram para o teste de sábado. “Quem não testou não vai poder entrar no evento”, garante. Ele destaca que o setor é um dos mais atingidos pela pandemia. “Estamos há 500 dias parados. Então a nossa intenção é demonstrar para o Poder Público que a gente consegue fazer um evento seguro. Logicamente nenhum evento, nenhum protocolo é 100% seguro, mas que tenha uma segurança aceitável para o que a gente está vivendo na pandemia”, reforça.

Conforme Magalhães, o evento-teste pode representar o começo de um modelo de ‘retorno progressivo’ para esses eventos. “Não temos protocolo para uso de máscara, mas vamos sugerir que se use máscara por segurança, mas não é obrigatório, e distanciamento não é obrigatório”, destaca. Após a festa, 200 participantes farão testes na terça ou na quarta-feira. E outros 200 vão preencher questionário sobre estado geral de saúde. “Elas vão ter opção de testar também, se tiver sentindo sintomas”, frisa.