A CPFL, responsável pela distribuição de energia elétrica em 70% do território gaúcho, através da RGE, promete investir pesado no Rio Grande do Sul nos próximos cinco anos. Após arrematar a Companhia Estadual de Transmissão de Energia Elétrica (CEEE-T) por R$ 2,67 bilhões, nesta sexta-feira (16), a companhia declarou que fará um aporte de R$ 1,5 bilhão na empresa, que deixará de ser estatal.
“A CEEE-T que já vem com bons indicadores operacionais, e todo o nosso conhecimento e experiência vai ajudar muito a operação. Estamos trazendo o potencial de investimento. A empresa, nos últimos três anos, investiu uma média de R$ 95 milhões. Em cinco anos, esse número vai saltar para R$ 1,5 bilhão”, prometeu o presidente da CPFL Energia, Gustavo Estrella, em entrevista coletiva promovida pela Bolsa de Valores de São Paulo.
O montante a ser desembolsado pelo braço de transmissão da CEEE corresponde apenas às ações que, hoje, são controladas pelo Governo do Estado. A Eletrobras também tem ações na estatal – e a intenção da nova dona é adquirir a totalidade da empresa. “Mais do que um interesse, é uma obrigação. Seguindo todos os procedimentos legais, vamos fazer uma oferta pública à parcela da Eletrobras nos próximos meses”, ressalta Estrella.
Também disputaram a CEEE-T, até o último lance, a Energisa – que ofereceu R$ 2,66 bilhões – e a MEZ Energia – que optou por não aumentar o lance inicial, de R$ 2,035 bilhões. Apesar do arremate da CPFL ter acontecido com um montante 57,13% maior do que o valor mínimo do leilão, o negócio ficou abaixo dos R$ 3 bilhões projetados pelo Palácio Piratini no início desta semana.
Braço de geração pode ser leiloado em dezembro
A privatização total da CEEE, que começou com o leilão da distribuidora, em março, depende de mais uma etapa para ser concluída: a venda da geradora, conhecida como CEEE-G. O edital do certame está sendo finalizado, e deve ser publicado entre agosto e setembro. A expectativa de que a estatal possa ser negociada em dezembro de 2021.
“Existe uma questão regulatória relacionada ao mercado de energia, e também a liquidação de dívidas do passado. A resolução desses problemas depende da Aneel e do Ministério de Minas e Energia. A ideia é fazer o leilão em dezembro e a liquidação da companhia em fevereiro”, explica o diretor-presidente da CEEE, Marcos Soligo.
Nos próximos meses, o Rio Grande do Sul deve promover outras duas concorrências na Bolsa de Valores. A primeira delas será a da Companhia de Gás do Estado do Rio Grande do Sul (Sulgás), que vai a leilão com lance mínimo de R$ 927 milhões. A operação de uma série de rodovias também será oferecida à iniciativa privada por meio da B3.
A Companhia Riograndense de Saneamento (CORSAN), que também é alvo de um processo de privatização, deve ficar para o ano que vem. Isso porque o Palácio Piratini ainda depende do aval do Legislativo para dar início às negociações. Conforme o governador Eduardo Leite (PSDB), a oferta das ações está prevista para o primeiro bimestre de 2022.