Ministério da Saúde mantém contraindicação de misturar vacinas em gestantes

Discussão vinha sendo levantada após suspensão da AstraZeneca em grávidas e puérperas

Vacinas. Foto: Divulgação SES-RS

O ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou nesta quinta-feira (8) que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) vai continuar contraindicando a aplicação de vacinas contra Covid-19 de fabricantes diferentes na primeira e segunda doses em grávidas e puérperas. A declaração foi dada em uma entrevista para detalhar uma nova nota técnica do Ministério da Saúde acerca da vacinação deste grupo.

“Não há evidência científica acerca de intercambialidade de vacinas nas gestantes, portanto vamos manter a orientação do Programa Nacional de Imunizações”, declarou. Após a suspensão da vacina da AstraZeneca para gestantes e puérperas, em maio, gestores municipais e estaduais ficaram em dúvida sobre como completar o esquema vacinal das cerca de 15 mil mulheres que já haviam tomado a primeira dose.

Hoje, Queiroga afirmou que elas devem esperar o parto e o puerpério para, então, tomarem a segunda dose do mesmo imunizante (AstraZeneca). “Aquelas que tomaram a vacina AstraZeneca vão completar a imunização após o puerpério com a mesma vacina. Se surgir alguma evidência científica que mostre alguma vantagem de se fazer a intercambialidade, assim será”, concluiu.

O estado do Rio de Janeiro autorizou, na semana passada, que estas mulheres tomem a segunda dose da Pfizer, o que foi rechaçado pelo ministro.

“Secretários estaduais e secretários municipais de saúde que, por acaso, queiram modificar essa orientação do PNI não devem fazer por conta própria, devem fazer após a aprovação do grupo intergestor do Programa Nacional de Imunizações, apoiado pela Câmara Técnica. É claro que os secretários municipais ou estaduais têm a sua autonomia, mas não para mudar o cerne do que foi discutido na política tripartite”.

Caso

A vacinação de gestantes sem comorbidades chegou a ser suspensa em maio, após uma grávida que havia recebido a vacina da AstraZeneca falecer. A mulher sofreu um efeito adverso raro, a trombocitopenia. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) recomendou dias depois que o Ministério da Saúde suspendesse o uso do imunizante para esse grupo, o que foi feito.

Em 14 de maio, o PNI chegou a recomendar que este grupo de mulheres recebesse a segunda dose da Pfizer/BioNTech. No entanto, por decisão de Queiroga, a nota técnica foi revogada para uma nova análise, mesmo tendo passado por discussão prévia com 27 especialistas. Desde então, grávidas e puérperas podem receber somente os imunizantes da Pfizer/BioNTech e a CoronaVac.

A vacina da Janssen, que utiliza tecnologia semelhante à da AstraZeneca, também não deve ser usada em grávidas. Segundo o Ministério da Saúde, até agora ocorreram 1.400 mortes de gestantes por Covid-19 no Brasil. A taxa de letalidade é em torno de 10%, enquanto na população em geral é menor do que 2%.