Rodoviários de Porto Alegre devem receber salários de junho com atraso de três dias

Parcelamento foi revertido em reunião com diretores das concessionárias

Apesar do avanço, categoria segue preocupada com o futuro do sistema de transporte. Foto: Alina Souza/Correio do Povo

A crise enfrentada pelas empresas que operam as linhas de transporte coletivo em Porto Alegre fez com que apenas 65% dos rodoviários recebessem os salários em dia, nesta terça-feira (6). Entretanto, a possibilidade de parcelamento dos vencimentos, debatida em reunião com os diretores das companhias, não se confirmou.

De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte da Capital (Stetpoa), as concessionárias cederam à pressão da categoria e prometeram integralizar a folha com apenas três dias de atraso, na sexta-feira (9). Apesar de comemorada, a vitória é seguida da apreensão quanto ao futuro do sistema em Porto Alegre.

“A gente espera que o aumento na tarifa do ônibus ajude, para dar uma equilibrada. Temos ajustes a serem feitos, mas eles não podem levar a prejuízos aos trabalhadores. Nós já fomos muito solícitos, congelamos por dois anos o reajuste dos salários. Agora chegou o momento de podermos respirar”, afirma o presidente do Stetpoa, Sandro Abbade.

O líder sindical participa, hoje, de uma reunião com o prefeito da Capital, Sebastião Melo (MDB). Em pauta estará a desestatização da Carris – ideia que será enviada pelo Executivo de Porto Alegre à Câmara de Vereadores. Ainda conforme Sandro Abbade, os rodoviários vão lutar contra o projeto.

“Nós não queremos que a Carris seja privatizada – aliás, nenhum sindicato quer. Os trabalhadores vão ser solícitos, vão trabalhar para que isso não aconteça. Estamos dispostos a dobrar, triplicar o nosso desempenho, para que a Carris não seja vendida. Essa é a nossa intenção”, garante.

Crise

A crise do sistema de transporte coletivo de Porto Alegre se agrava a, pelo menos, sete anos – e ficou ainda pior em razão da pandemia e os constantes reajustes no preço do óleo diesel. A Trevo, uma das empresas com mais problemas, chegou a suspender a circulação de alguns ônibus por falta de combustível, na semana passada.

A tarifa técnica, que é a sugestão das autoridades para o preço da passagem, ficou em R$ 5,20; entretanto, a prefeitura da Capital se negou a fazer o reajuste nestas condições, e fixou um novo preço de R$ 4,80. Além da privatização da Carris, a administração também pretende repactuar a licitação em vigor no município.