O prefeito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB), recebeu no Paço Municipal os diretores da Carris e representantes do Sindicato dos Trabalhadores em Empresas de Transporte da Capital (Stetpoa). O encontro, promovido na manhã desta terça-feira (6), teve como pauta a crise financeira enfrentada pela autarquia.
A companhia centenária é uma das três operadores do sistema de transporte coletivo que atrasou o pagamento de parte dos salários do mês de junho. Carris, Trevo e Restinga depositaram os vencimentos de 65% dos rodoviários hoje e só devem integralizar a folha na sexta-feira, três dias após o prazo previsto em contrato.
A empresa pede que a prefeitura repasse R$ 6 milhões para regularizar a situação. Entretanto, Melo condiciona o redirecionamento dos recursos à apresentação de um plano de contenção de gastos na Carris. “Já liberamos R$ 35 milhões este ano, e eu não darei nenhum recurso a mais antes dos cortes acontecerem”, diz o prefeito.
“Hoje, a companhia arrecada R$ 6 milhões e gasta R$ 12 milhões por mês. Não há nenhuma empresa no mundo que se sustente deste jeito. Para liberar mais dinheiro, eu quero que o plano de contingência seja apresentado até amanhã. Se não, nada feito”, finaliza o emedebista.
Desestatização
A Carris deve ser alvo de um processo de desestatização, que se tornou a prioridade do governo com a aprovação da Reforma da Previdência. A crise do sistema de transporte coletivo de Porto Alegre se agrava a, pelo menos, sete anos – e ficou ainda pior em razão da pandemia e os constantes reajustes no preço do óleo diesel.
Os rodoviários são contrários à venda da autarquia. “Nós não queremos que a Carris seja privatizada – aliás, nenhum sindicato quer. Os trabalhadores vão ser solícitos, vão trabalhar para que isso não aconteça. Estamos dispostos a triplicar o nosso desempenho, para que a Carris não seja vendida”, garante o presidente do Stetpoa, Sandro Abbade.
A categoria tem a expectativa de que o aumento da passagem, que passou de R$ 4,55 para R$ 4,80 na semana passada, amenize os problemas. A tarifa técnica, que é a sugestão das autoridades para o preço da passagem, ficou em R$ 5,20; entretanto, a prefeitura da Capital se negou a fazer o reajuste nestas condições.