Alta do diesel surpreende caminhoneiros e greve ganha força

Líder de entidade adverte que paralisação marcada para o próximo dia 25 continua de pé. Petroleiros também criticaram aumento

Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O primeiro reajuste de combustíveis da gestão do general Joaquim Silva e Luna na Petrobras pegou os caminhoneiros de surpresa. Há menos de uma semana, membros do Conselho Nacional do Transporte Rodoviário de Cargas (CNTRC) se reuniram com o presidente da estatal e pediram a manutenção do preço do diesel.

“Deixamos claro na reunião que se o diesel subisse ia afetar seriamente não só os caminhoneiros, mas a sociedade em geral, que já está muito pressionada”, disse Plínio Nestor Dias, presidente do CNTRC, ao jornal O Estado de S.Paulo.

Apesar de ter baixo impacto na inflação oficial (IPCA), a alta do diesel afeta toda a cadeia produtiva, que depende do frete rodoviário para distribuição no país.

Dias afirmou que a greve dos caminhoneiros, marcada para o próximo dia 25, continua de pé e ganha força com a alta. Segundo ele, o CNTRC vai enviar uma carta em resposta à Petrobras afirmando mais uma vez a posição da categoria.

‘Vai ter greve’

“Meu celular não parou o dia todo, são caminhoneiros querendo saber o que aconteceu. Vamos traçar nossa estratégia para ninguém sair prejudicado, mas vai ter greve”, informou.

Os petroleiros também criticaram o novo aumento dos combustíveis anunciado pela estatal – 6% para gasolina e GLP e 3,7% para o diesel. Segundo o coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, o aumento veio da pressão de importadores de combustíveis e de investidores do mercado financeiro.

“O novo aumento nos preços da gasolina, do diesel e do gás de cozinha nas refinarias anunciado pela Petrobras é mais uma clara demonstração da equivocada política de preço de paridade de importação (PPI), adotada pelo governo Bolsonaro contra a população brasileira e que penaliza sobretudo os mais pobres”, disse o sindicalista.

Efeito cascata

Bacelar chama a atenção sobre o impacto que os aumentos terão na inflação em efeito cascata, o que, junto com a elevação das tarifas de energia elétrica, achata a renda do trabalhador.

“É inadmissível que, com este novo aumento no gás de cozinha nas refinarias da Petrobras, a partir desta terça-feira (6), o sexto aumento somente neste ano, o gás de cozinha já acumule uma alta de 37,9%”, ressaltou Bacelar.

Ele destacou que, nos últimos 12 meses, o IPCA acumula alta de 8,06%. “Ou seja, em sete meses, o aumento do gás de cozinha já é quase cinco vezes a inflação de um período de um ano”, disse.