Jornalista e escritor Walter Galvani morre aos 87 anos em Porto Alegre

Galvani faleceu na madrugada desta terça-feira, 29, devido a uma parada cardíaca

Foto: Paulo Nunes/CP Memória

O jornalista e escritor Walter Galvani, de 87 anos, morreu na madrugada desta terça-feira, devido a uma parada cardíaca. Ele permanecia internado havia cerca de 20 dias, no Hospital Mãe de Deus, para tratar de um machucado no joelho em função de uma queda. O escritor tinha uma válvula no coração, mas o quadro frágil de saúde o impedia de fazer a reposição, necessária, do equipamento.

De acordo com a esposa, Carla Irigaray, o corpo não vai ser velado em decorrência da pandemia da Covid-19. A pequena cerimônia de despedida, seguida de cremação, deve ser restrita à família. Galvani deixa a esposa, as duas filhas, Ana Luiza e Alexandra, e quatro netos.

Galvani teve passagem por diversos veículos de comunicação, entre eles a Rádio Guaíba. Na empresa Jornalística Caldas Júnior, dirigiu a redação do jornal Folha da Tarde na década de 80. Integrante da Academia Rio-Grandense de Letras, Galvani exerceu a função de patrono da 49ª Feira do Livro de Porto Alegre, em 2003. Foi autor de de diversos livros, como Nau Capitânia e A Difícil Convivência: Porto Alegre e os Farrapos.

O presidente da Câmara Rio-Grandense do Livro, Isatir Bottin Filho, se referiu ao escritor como um ícone da cultura gaúcha. “O seu carinho e o seu amor aos livros vai ficar na lembrança. Sempre muito dedicado ao mundo dos livros. Uma lástima mesmo. Uma grande perda”, disse.

A Associação Riograndense de Imprensa (ARI) também lamentou a morte do jornalista. Segundo o presidente executivo da entidade, José Nunes, Galvani participou de “momentos áureos” do jornalismo gaúcho. “Ele é, sem dúvida, uma referência para nós, profissionais. E a ARI só tem a lamentar essa perda, que é irreparável”, declarou.

Trajetória

Galvani nasceu em 6 de maio de 1934, na cidade de Canoas. Aos 24 anos, fixou-se em Porto Alegre, onde residiu até 1997. Depois foi morar em Guaíba. Ingressou no jornalismo ainda na terra natal, atuando no jornal Expressão, em 1954. Depois disso, passou por vários veículos de comunicação de Porto Alegre, como Folha da Manhã, Folha Esportiva, Folha da Tarde e Correio do Povo. Também foi apresentador e colunista na Rádio Guaíba, onde comandou programas como o Espaço Aberto e o Guaíba Revista.

Ganhador de vários prêmios regionais em jornalismo, inclusive o Prêmio ARI de Crônicas, passou a dedicar-se à pesquisa histórica a partir dos anos 90. Em 1999, foi eleito para a Cadeira de número 25 da Academia Rio-Grandense de Letras.

Atualmente, escrevia crônicas semanalmente para o Diário de Canoas e a Folha de Guaíba. Também fazia publicações constantes de textos e reflexões no Facebook.

Amigo pessoal de Galvani, o escritor e historiador William Keffer lembra que o jornalista tinha uma mente ativa, escrevendo sempre, principalmente crônica, seu gênero preferido. “Galvani gostava da crônica, de olhar para o cotidiano com atenção”. Ele relata que ambos se conheceram no Correio do Povo e, desde então, mantinham uma amizade, na qual Galvani era visto como um grande mestre. “Galvani deixa um legado de enorme importância no jornalismo e na literatura do Rio Grande do Sul e do Brasil”, completa Keffer.

Veja o que disseram ao CP outros amigos de Galvani.

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