77% dos jovens do Bolsa Juventude Rural investem o que ganham na propriedade

Números mostram que o programa está cumprindo um dos seus principais objetivos que é garantir a sucessão rural

1.735 jovens atendidos, 2.036 bolsas disponibilizadas, 569 escolas atendidas em 491 municípios de 2013 a 2020 (com repetição). “E temos potencial para atingir mais municípios e atender mais jovens”, destaca Emanuelle Magiero, coordenadora do programa e chefe da Divisão de Políticas Públicas para Jovens, Mulheres e Idosos.

De 2017 para 2018 houve um aumento de 142% na procura dos jovens pelo programa, passando de 327 para 793. Em 2018, a procura aumentou 45%, passando para 1.152 e no ano de 2020 o aumento foi de 1,5%, passando para 1.169. “O programa tem procura, tem interesse e tem potencial para ampliar ainda mais”, destaca.

O levantamento mostra que o maior desafio é o preenchimento correto da documentação exigida pelo edital. Entre os inabilitados para o programa, 40% não apresentaram corretamente a documentação pessoal e os documentos da família, 25% tiveram problemas com a documentação da escola, 19% houve algum erro no preenchimento ou falta de assinatura no pré-projeto e 16% apresentaram problemas na DAP/Extrato. Estes percentuais demonstram a necessidade de conhecimento do programa e do edital por quem auxilia o jovem, para que o mesmo apresente corretamente a documentação.

Os dados também revelaram que 77% dos jovens investem o valor da bolsa diretamente no projeto produtivo, 18% utiliza no projeto produtivo e para uso pessoal e 5% apenas para uso pessoal. “Estes números mostram que o programa está cumprindo um dos seus principais objetivos que é garantir a sucessão rural, já que os jovens usam os recursos que recebem para investir no seu projeto, na sua propriedade”, destaca Emanuelle.

Os dados foram apresentados na quinta-feira (17/06) à tarde durante o 1º Seminário Estadual do Bolsa Juventude Rural, que ocorreu de forma virtual. Mais de 300 pessoas, entre estudantes, dirigentes de escolas e extensionistas da Emater/RS-Ascar, participaram de diferentes regiões do Rio Grande do Sul.

A secretária Silvana Covatti participou do evento e falou para os jovens sobre a importância do Bolsa Juventude Rural. “Este programa incentiva o jovem a ter o seu ganho, a continuar os estudos e ter aquele preparo para estar e permanecer na propriedade”. E garantiu seu empenho em buscar recursos para trazer mais jovens para o programa.

O Presidente da Emater/RS, Geraldo Sandri, destacou que a sucessão rural é um dos grandes focos da instituição e que com a melhoria das condições do homem no campo, o desenvolvimento de novas tecnologias e a melhoria dos preços agrícolas, está atraindo cada vez mais pessoas a permanecerem no campo.

Exemplos do programa

A diretora da Escola Estadual Liberato Salzano, do município de Liberato Salzano, diz que a escola participa desde 2018, com 34 jovens. São 11 jovens do colégio e 23 da Escola Estadual Indígena. “Mesmo durante a pandemia, criamos grupos de whatsapp para estimular os alunos a participar do Programa”, revela Rosicler de Carli. Ela citou o exemplo de um bolsista da escola que comprou sementes para pastagens dos bovinos de leite para a sua propriedade e um notebook para agilizar o processo.

A técnica da Emater/RS-Ascar de Cidreira, Fernanda Gilli, mostrou todo o trabalho de extensão desenvolvido de orientação, divulgação, apoio e colaboração junto aos jovens. “Nós acompanhamos todas as etapas do processo, identificando o potencial dos jovens no desenvolvimento do projeto produtivo”. O município tem pescadores artesanais, pecuaristas familiares, apicultores, indígenas e quilombolas.

O jovem Alisson Dalamaria, de São Domingos do Sul, participou do programa em 2017. Na época, comprou um notebook que permitiu fazer os cálculos necessários para melhorar o investimento na propriedade. Hoje trabalha no cultivo de grãos, principalmente milho e soja. “Sempre tive gosto pela agricultura, pela produção de grãos. E pretendo cursar agora agronomia, para me capacitar mais e buscar mais conhecimento”, diz Dalamaria.

A estudante Micheli Motter, de 17 anos, cursa o terceiro ano da Escola Estadual de Ensino Médio Nossa Senhora de Lourdes, de Três Arroios, e tem uma bolsa do Programa. Ela mora com os pais numa propriedade de 12,3 hectares onde planta milho e soja e cria bovinos e ovinos. Micheli acredita que a bolsa estimula a pensar a propriedade e desenvolver novas formas de atuação.

O novo edital deste ano ainda não tem data para ser publicado.

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