Vacinação de Covid evita 43 mil mortes de idosos em 13 semanas no país

Dados foram compilados pela UFPel, em parceria com Harvard e Ministério da Saúde

Foto: Tânia Rêgo/ABr

Pesquisa da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) estimou que o avanço da vacinação contra a Covid-19 é responsável pela prevenção de mais de 40 mil mortes de idosos em um intervalo de 13 semanas no Brasil. Os dados fazem parte de um levantamento realizado pelo Centro de Pesquisas Epidemiológicas da UFPel, em parceria com a Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, e o Ministério da Saúde.

Os cálculos revelaram que o número de mortes entre os mais idosos não seguiu a mesma tendência observada para os brasileiros mais jovens. Nessa base de comparação, em vez de 70.025 mortes de pessoas de 80 anos ou mais, foram registradas 32.624 no período. Entre as pessoas de 70 a 79 anos, a expectativa de mortes era de 20.239, e se registraram 13.838. Somando as estimativas para ambas as faixas etárias, foram evitadas as mortes de 43.082 idosos no país.

“Encontramos evidências de que, embora a disseminação da variante P.1 (gama) tenha levado ao aumento das mortes por covid-19 em todas as idades, a proporção de óbitos entre os idosos começou a cair rapidamente a partir da segunda quinzena de fevereiro de 2021. Até então, essa proporção tinha se mantido estável em torno de 25% a 30% desde o início da epidemia, mas se encontra agora abaixo de 13%”, disse o epidemiologista da UFPel e líder do estudo, Cesar Victora.

Ele frisou ainda que as análises de óbitos por outras causas mostraram que o declínio entre os idosos se deu especificamente entre os pacientes de Covid-19. Os pesquisadores concluíram, portanto, que o avanço da campanha de vacinação pode ser associado à queda progressiva na proporção de mortes de idosos pelo novo coronavírus no Brasil.

Victora avalia que a principal contribuição do levantamento é fornecer evidências sobre a efetividade do programa de vacinação no Brasil como um todo, em um cenário onde a variante gama atualmente predomina. Estudos anteriores, realizados em grupos populacionais mais restritos, já haviam mostrado essa tendência.

“Como o distanciamento social e uso de máscara estão sendo adotados de forma limitada na maior parte do país, o rápido aumento da vacinação permanece como a abordagem mais promissora para controlar a pandemia”, concluiu o pesquisador.

Detalhes do estudo
Para o levantamento, os pesquisadores analisaram as tendências de mortes pela Covid-19 e outras causas não relacionadas ao novo coronavírus no período de 3 de janeiro a 27 de maio de 2021, com base em dados sobre óbitos e cobertura vacinal registrados pelo Ministério da Saúde. No período, o país registrou 238.414 mortes pela Covid-19 e 447.817 mortes por outras razões.

Os resultados revelaram que número de vítimas da Covid-19 em todas as idades aumentou a partir do fim de fevereiro em decorrência da rápida disseminação da variante gama para todo o país.

Os níveis nacionais de cobertura com a primeira dose da vacina alcançaram metade dos idosos de 80 anos ou mais na primeira quinzena de fevereiro e passaram dos 80% na quinzena seguinte, com estabilidade em torno de 95% a partir de março.

Os pesquisadores observaram que, em paralelo, o percentual de mortes de idosos caiu de 28% do total de óbitos atribuídos à Covid-19, em janeiro, para 12%, em maio, com início de queda acentuada a partir da segunda metade de fevereiro. Enquanto a proporção de mortes nesse grupo por causas não relacionadas à Covid-19 permaneceu estável em quase 30% no mesmo período.

Para a faixa etária de 70 a 79 anos, a cobertura vacinal com a primeira dose atingiu metade da população na última semana de março, alcançando 90% na primeira metade de maio. A proporção de mortes pela Covid-19 nesse grupo permaneceu em torno de 25% do total de mortes pela doença até a segunda semana de abril.

A partir daquele momento, essa proporção de mortes nesse grupo começou a diminuir de forma acentuada, chegando a 16% na última semana de maio. Entre esses idosos, a proporção de óbitos por outras causas permaneceu estável em torno de 20%.