Na CPI, Witzel insiste em sessão secreta e fala em ‘impeachment patrocionado’

Ex-governador abandonou a sessão após discussão com senadores

Foto: Edilson Rodrigues / Agência Senado / Divulgação / CP

Em entrevista coletiva após ter abandonado a CPI da Covid no Senado, na tarde desta quarta-feira, o ex-governador Wilson Witzel afirmou que vai insistir em uma sessão secreta com os membros titulares do colegiado para apresentar provas de que teve o impeachment “patrocinado” financeira e politicamente.

“Pedi à CPI uma sessão sob segredo de Justiça para que a gente possa aprofundar os fatos que envolvem e aqueles que estão por trás do meu impeachment. Quem patrocinou meu impeachment financeiramente, quem patrocinou politicamente de forma ilícita, só a CPI independente, senadores, é que podem investigar. Aguardo mais um convite”, disse.

Witzel afirmou que os deputados que integraram o tribunal misto que determinou a cassação de mandato foram escolhidos previamente e que essas questões fizeram parte de um roteiro para atingir os governadores do país que interferiam no combate à pandemia. Os fatos, alega, não podem ser revelados em uma sessão aberta, para não comprometer as investigações.

“A minha cassação interferiu no combate à pandemia, principalmente porque eu fui o primeiro governador a tomar medidas rigorosas no combate à pandemia e a narrativa do governo federal sempre foi o negacionismo”, acrescentou Witzel.

De acordo com ele, governadores não alinhados com o governo federal sofrem perseguição, que, no caso do Rio, começou com o caso Marielle: “Eu me comprometi a dar independência à polícia, o procurador de Justiça do Rio de Janeiro foi escolhido conforme indicação do próprio Ministério Público. Não indiquei um secretário de polícia capacho meu. Por essas e outras razões que eu entendo que algumas questões precisam ser tratadas de forma reservadas nesse momento”.

Ao ser perguntado se o governo federal interveio nas investigações do caso Marielle, Witzel destacou que os executores foram presos dois meses após o início da gestão dele.

“As investigações começaram antes, mas como meu programa de governo dava independência e, no caso Marielle, uma promessa de campanha de que esse caso seria esclarecido, a polícia chegou a dois que moravam no condomínio do presidente. A partir daquele momento, o presidente não falou mais comigo.”

Abandono da sessão
Questionado sobre os motivos que o levaram a abandonar a sessão de hoje, Witzel disse que se sentiu ofendido com perguntas “chulas e levianas” de alguns senadores. “Estou aqui para ser respeitado e respeitar. A partir do momento que começaram a ocorrer xingamentos, como nas redes sociais, entendi que seria melhor [deixar a reunião]”, afirmou.

O ex-governador deixou a sessão inesperadamente, no meio do interrogatório do senador Eduardo Girão (Podemos-CE). Pouco antes, Witzel havia discutido com outro governista, o senador Jorginho Mello (PL-SC). O parlamentar afirmou que o ex-governador, um ex-juiz federal, é uma “vergonha para o Judiciário brasileiro” por ter se aproveitado do cargo executivo para praticar corrupção.