Pandemia ainda afeta vida financeira de mais da metade dos porto-alegrenses

Levantamento mostra que grande parte dos entrevistados perdeu renda neste período

Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Seis em cada 10 porto-alegrenses foram afetados financeiramente pelas consequências econômicas da pandemia de Covid-19, segundo revela pesquisa do Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS).

O levantamento, realizado entre os dias 17 e 20 de maio de 2021, ouviu 400 pessoas. Em comparação com o período em que não existia pandemia, 41% dos entrevistados disseram estar vivendo com uma renda/salário menor atualmente. Com o orçamento mais apertado e a incerteza econômica, as inseguranças crescem. Dos porto-alegrenses entrevistados, 40% temem perder o emprego; 23% temem não ter poder aquisitivo para comprar itens essenciais de alimentação e higiene, e 17% temem contrair dívidas e não conseguir pagar.

Atraso
A pesquisa mostra, ainda, que 41% dos porto-alegrenses deixaram de pagar alguma conta em 2021. O cartão de crédito lidera o ranking de inadimplência: 35% dos entrevistados contraíram dívidas com esse meio de pagamento.

A dificuldade com o cartão de crédito não é novidade. Na pesquisa do Iepro-RS, realizada no primeiro semestre de 2020, essa também era a principal dívida em atraso. O problema é que a situação ficou ainda mais complicada em 2021. “O cartão de crédito segue como o item em atraso mais citado pelos entrevistados, com uma elevação de 39% nessa inadimplência em comparação com o ano passado.

“Reiteramos que os devedores busquem pagar as contas com maiores juros, para que as dívidas não aumentem consideravelmente neste período e acabem virando uma bola de neve”, alertou o presidente do Iepro-RS, Romário Pazutti Mezzari.

Para 67% dos entrevistados, as dívidas aumentaram após a perda do emprego ou da redução no salário/renda. Uma das formas de estar preparado para esse tipo de imprevisto é manter uma reserva de emergência. Porém, essa prática não é comum para a maioria dos porto-alegrenses: 62% disseram não ter um colchão de liquidez.

Valores
A maioria dos porto-alegrenses disse ter dívidas entre R$ 500 e R$ 1 mil. “A principal dica para os devedores é buscar uma renegociação com o credor. Proponha condições de pagamentos acessíveis ao seu bolso ou um desconto no pagamento à vista do valor total da dívida”, aconselha Mezzari.

Diante da crise, muitos precisaram “apertar os cintos” e economizar: 54% dos entrevistados cortaram gastos em 2021. A diminuição de compras supérfluas no supermercado (22%) e de roupas, sapatos e maquiagem (17%) foram as principais mudanças no orçamento.

A preocupação com gastos desnecessários vem surtindo efeito. Apesar do número, ainda elevado, de porto-alegrenses endividados, a pesquisa aponta uma redução de 14% nos entrevistados inadimplentes em 2021, em relação ao primeiro semestre de 2020. “No início da pandemia, em março do ano passado, a população foi pega de surpresa e com dívidas realizadas antes da crise. Agora, apesar das dificuldades econômicas continuarem pesando, as pessoas tiveram tempo para se organizar e cortar gastos supérfluos”, analisa Mezzari.

Otimismo
Apesar dos impactos da crise financeira no bolso do porto-alegrense, 65% dos entrevistados disseram acreditar que a situação financeira vai melhorar nos próximos seis meses. Essa mesma expectativa positiva, entretanto, não é vista em relação ao cenário econômico do país – apenas 20% disseram acreditar em uma melhora e 49% se mostraram pessimistas, esperando uma piora da economia nos próximos seis meses.

O levantamento mostrou, ainda, que 75% dos entrevistados se mostraram positivos em relação à vacina, como um item fundamental para a volta à normalidade e a retomada da economia no país.

O que é o Iepro-RS
O Instituto de Estudos de Protesto do Rio Grande do Sul (Iepro-RS), entidade de classe sem fins lucrativos, representa os 297 Cartórios de Protesto gaúchos. Visa promover estudos, debates e pesquisas e representar os interesses relacionados ao protesto.

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